quarta-feira, 16 de junho de 2010

Poesia da Chatice

Era uma vez um poema, chato,
ele era meio confuso, atolado,
pouco popular entre os outro poemas
menos chatos.

Ele era tão chato, mas tão chato, mas tão chato,
mas tão chato,
que ninguém queria ficar perto dele.

Enfim, ele era bem chato.

Mas um belo dia, resolveu perguntar:

"Meu Deus, porque me fizeste tão chato?
o que foi que fiz a Você?
será que cometi um crime contra a literatura?
fiz alguma besteira?
Por que, meu Deus, por que?
eu só queria...''

"Cale-se, jovem poema chato,
está me dando nos nervos,
já lhe disseram que vossa chatice assusta
e nos faz querer arrancar os cabelos?''

Ele não entendia nada ainda,
e ficava se perguntando como podia ser tão chato assim...

e se questionava ainda mais,
como podia o caro poeta
escrevê-lo tão insuportavelmente chato assim,
e como pudera perder seu precioso tempo
neste poema sem fim,
e ainda por cima tão chato.

O poeta um tanto irritado, resolveu responder.
Então escreveu para o narrador dizer,
transmitindo essa mensagem:

"Caro poema desgraçado de escutar,
cale-se de uma vez,
eu escrevi o começo,
tu roubaste minha caneta tinteiro
e resolveste ser chato por tua conta,
e me desesperar.
Não tenho culpa que não está
onde deveria estar".

O poema se assustou, disse uma vez o poeta,
e aí, o que aconteceu?
Nada.
O poema rebelde e tão chato,
se rabiscou todo com o desprezo de seu dono
e resolveu acabar com as próprias palavras.
O poeta chorou?

É claro que não!
Aliviou-se, e começou a escrever
um outro poema,
que dizia mais ou menos assim:

Era uma vez um poema chato,
meio confuso, atolado,
pouco popular entre os outros poemas
menos...chatos.

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