sábado, 30 de maio de 2015

religião

quem sabe é D'us
tinha lindo lugar,
tinha ouvido falar que o planeta era meu
explodia ao menor ruído,
desfazia sem o menor sentido,
desesperava num grande improviso
de cores e ventos de toda parte,
não sabia ser compulsória gratidão.

quem sabe é D'us
e de tão ridícula essa frase
me fez pensar em letras maiúsculas
e porque empregá-las
o mundo é tão intenso ao mesmo tempo que é tão íntimo,
ínfimo,
efêmero
enfermo.
por que devemos nos importar?
me respondi de maneira pronta,
acredito eu que o tal deus há de conformar-se
de ser de quatro letras,
duas pernas,
dois braços,
dois olhos,
um nariz,
uma boca.
e não mais chorar (lágrima ou sangue)

quem sabe se deus,
em sua divina providência
não se compadece de minhas indagações?
se estão certas as enganações,
que fiquem todos com seus esclarecimentos.
ajoelhar incomoda,
já não tenho como me aceitar.

terça-feira, 19 de maio de 2015

agora

tanto tempo longe
o que aprendi?
lições valiosas desde o nascimento,
andei, mas antes, claro, nasci,
chorei, mas óbvio, sorri,
vivi, mas esperei você
e com dentes à mostra me trouxe pra cá
que engraçado.

o que aprendi?
aprendi que não escrevo quando quero,
é algum espírito
que acha graça
que me mata por dentro,
me traz o silêncio,
a espada,
a praga.

aprendi que vivo e me desespero
por viver tanto, me vi moderno,
contemporâneo,
futuro,
de tempos em tempos me vejo envelhecer,
não que não queira,
mas é diferente ver e sentir
tenho espelho, sabe.

tanto tempo longe
tenho doenças e horizontes,
tenho vidas, amantes,
montes e desmanches
carros,
vagas,
sandras e renatas,
vem e vão.

aprendi que não se deve
e se dever 
apareço e bebo,
mas prefiro mesmo estar em casa.
escondido do inferno,
escondido da cobiça, avareza,
escondido do pecado, da beleza,
escondido de mim mesmo.

aprendi que não se deve sonhar tanto, sem hora.