sábado, 22 de junho de 2013

era uma vez uma nação

era uma vez uma nação,
tinha dinheiro, mulheres,
pão.
tinha vergonhas, paninhos, muambas,
tinha alegrias, o fino da bossa, o samba,
essa nação, dizia essa não! pro dia,
e a noite caía cheia de pesar.
em um canto escuro de uma cidade da nação,
homens de maletas (talvez observados por
homens de muletas) contavam tostões.
tostões? dizia eu incrédulo frente a tv
que queima meu ser, meu caráter,
que me entristece e envelhece,
sim, 
vejo o tempo passar e as coisas sumirem,
não coisas palpáveis,
claro que não!
ainda tenho meu relógio,
minha mesa,
meus amores,
não!
falo mesmo é da estrutura,
eu, ainda que vazio,
sou cheio de esperança.

como dizia, a nação,
que também transbordava de esperança,
recebe pessoas de todo tipo,
de todo lugar,
de todas as outras nações,
ora, claro! 
somos hospitaleiros (só nos falta os hospitais)
somos festeiros (só nos falta encher balões)
somos copeiros (não, não falo do torneio e sim da profissão),
somos indignos.

não! dirão os presidentes,
somos dignos sim!
dignos do silêncio,
dignos da falta de informação,
dignos da ignorância
e acima de tudo, dignos de coração,
que bate! e como bate!
por cores que separadas são o amarelo,
o azul,
o verde,
mas que misturadas dão em vidraças quebradas,
meros flertes com coisas das quais nada sabemos,
coisas das coisas que nossos avós diziam,
estes sim,
dignos,
estes sim,
pois esqueceram o verdadeiro significado.

então nós, a nação moderna,
nos deparamos com a fé quebradiça como fios de cabelo,
que num mero sopro foge dos dedos,
que um mero tiro enrijece os medos
e nos faz olhar para todos os lados a procura de atenção.

o futebol é necessário.
escadas são necessárias,
a vida é necessária?

tudo se dilui nos sorrisos inocentes do povo
e tudo se resume aos sorrisos hediondos nos becos.