quarta-feira, 24 de agosto de 2011

inspirações e briguinhas de casal

algumas pessoas me perguntam
de onde vem inspiração,
que faz o coração tremer,
mexer meu corpo
e umedecer as pernas,
com versos cansados,
versos modernos,
de terno e gravata.

não sei responder,
de lugar nenhum, acabo dizendo,
e tremendo fico eu,
com tanto sentimento,
mesmo assim não faço questão.

poesia é só palavra,
não umedece nada
nem reclama o teu perdão.

domingo, 21 de agosto de 2011

paixão no largo da carioca

num gole só a bebo inteira,
tenho muitas garrafas em minha geladeira,
sua essência ainda muito em mim,
e de repente, assim, sem mais,
me sinto em paz, decente,
expondo um sentimento morno,
vivendo em torno de um bem querer,
um querer sem ter
aos montes,
bebendo das fontes de uma calmaria,
aqui dentro és mais puritana,
do que lá fora mostra-se vadia.

para conquistá-la por inteiro,
terei de esperar passar o dia.

(isso não deve ser bom para minha alegria)
companheirismo

e de todas as trivialidades de que me lembro,
aquelas nas quais estava
são as que tem a maioria das significações.
se não fosse por isso,
jamais estaria lendo essas cartas velhas
ou até mesmo pensando em como me arrependo de nunca ter sido realmente livre.
desempedido,
ou simplesmente desprovido de sentido
sem você comigo,
sem o barulho das canecas quebradas
nem tristezas gritadas.
só o fim me põe a prova.
de ser verdadeiro ou não.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

memória

faço a história,
de hora em hora,
sem demora,
não faço hora,
ora em pé, ora deitado,
desanimado,
sem ânimo,
em pânico ou êxtase,
metástase de pensamento,
palavras com o vento,
contra o vento,
medo,
desesperação,
de arma na mão,
lutando contra tudo e todos,
mortos, todos,
e nem sempre longe de tudo,
meus demônios participam.

faço agora,
presente, passado, futuro,
mudo,
desmudo,
mundo,
todo,
todo o mundo,
muda
na mudança da memória.

o agora pode nem sempre ser,
se a prisão do tempo tiver pra onde ir,
sem o ir e vir quem sou?
pensou a morte.

fim sem sorte, exclamei sem pensar,
e de tanto achar filosofia,
fui parar num posso sem fundo,
até o pescoço.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

não sei se gerado por curiosidade mórbida,
ou por loucura baseada em alcoolismo,
resolvi entender a mente feminina.

(...)

acabei cansado, triste, impotente,
de tanto chorar e participar de seus terrores.
se eu dissesse que tudo foi simples,
e pensamentos mudaram outras mentes,
tristes acasos, ora dormindo, ora acordado,
sem me ligar em amanhã?


terça-feira, 9 de agosto de 2011

crescimento

hoje conversei e me abri,
amanhã nem sei.
todas as coisas que senti, pensei,
eram estranhas no espelho.
não se vê mais tantos devaneios,
nem sentimentos de alegria e dons.

hoje eu sou moleque,
amanhã talvez,
não entenda mais o que é amar,
não saiba demais me enterrar
em tanta pouca idade sem responsabilidade.

e de hoje em diante prometo avançar,
ganhar tragédias e maturidade,
compor canções de rotas e coragens,
beijar as bocas sem contar vantagens,
cantar e afetar sonoridades,
crescer e florescer,
viver enfim.

e para que assim isso aconteça,
deve-se ter um pensamento apenas.
que todos outros rostos entristeçam
e o teu rosto seja mais ameno,
sem o peso do pranto e desgosto,
viver sem ter educação e dor,
mas se quiseres crescer ser humano,
terá que colorir-se de outra cor.
recomeço

contanto que a vida não me negue nada,
vou atrás do que me pertence e ainda nem sei
se volto ou não volto,
mas se retornar volto de bagagem cheia,
de sonhos ainda escondidos,
matérias solidas e diluídas,
experiências compartilhadas e perdidas
e um resto solto, meio em vão.

mas se quisermos tudo isso,
conhecimento é mais que necessário,
mantenha tudo escrito no diário,
não altere seu itinerário à toa,
nem por opressão.

se o amor une duas pessoas,
o que um sequestro não fará então?

um poema tão pobre e perdido,
uma flor assim despedaçada,
ainda encontra em si a ti, salvada
e da memória não será deixada
e de repente um tanto de coragem,
oportunidades aparecerão,
para unir todas as rimas fracas,
fazer cantar com um só coração.