terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Corrente

Junto da carne vem o absurdo,
e junto do absurdo vem a catástrofe,
e junto da catástrofe vem a redenção,
e junto da redenção vem o perdão,
e junto do perdão vem a culpa,
e junto da culpa vem a tristeza,
e junto disso tudo
vem a vida,
cruel e indecisa,
que não te deixa descanso,
apenas o leve descaso,
onde não há simples abraço
que o mantenha amável,
afável,

ileso.

Preso com todo o peso
de viver sem rumo,
sem medo,
sem jeito.

Desconheço a palavra que me auxilie
nessa hora nebulosa,
em que escrever o poema me dói
mais que a angústia de viver escrevendo,
sem a menor perspectiva de me libertar,
nem amar quem necessita ser amado,
sem cantar quem precisa ser cantado,
sem beijar quem precisa ser beijado,
nem morrer quem precisa ser vivo,
e me dar suas dores e seus pesares.

Se pudesse colocava tudo numa garrafa,
bebia de uma vez,
pra vomitar esperança,
e talvez um pouco mais de talvez.

O mundo precisa de menos sim e menos não,
a dúvida é essencial, pra quem não sabe o que quer.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Acidente

Ah, que lugar estranho
é esse onde me encontro,
que lugar escuro,
sem vida
parece até um pesadelo
sem fim.
Eu bem queria agir diferente,
não ter feito tantas bobagens,
não estaria aqui agora
neste estranho lugar.
Vejo uma luz agora,
também estranha e longa,
começa aqui e termina ali
adiante,
crescente,
porém minguante.
O sol nasce e eu já posso presenciar movimentos,
bruscos e suaves,
a cama deste hospital parece agora
uma bela savana africana
e todo o sofrimento
uma triste e longa lembrança.
Tantas vezes,
dentro da confusão da vida
me perdi e me achei.
Tantas vezes,
dentro da confusão do dia
me virei e retornei
a tudo que era ruim,
a tudo que era simples,
a tudo que era risada
e todos os espíritos comigo
conversavam sobre jogar conversa fora
e brincavam de mentir sinceramente.
Tantas vezes na vida,
tive que acordar de sonhos como esse
onde não existe a cobrança de não ser mais criança.
Nunca deixe de sonhar,
ou nada vai valer a pena.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Labirinto do cansaço

Junto da alma eu sinto
pobre e velho descaso,
sempre que peço um abraço
meu corpo me diz que minto.

Nunca diga te amo
se desejas calar minha boca,
sentimento pleno eu clamo,
sempre que digo que és louca.

Vou chegando ao meu limite,
penso em tudo,penso em nada,
apenas olho no espelho
minha imagem acabada.

Um poema não tem fim,
só a vida do que escreve,
vou deixando a vida assim,
já sabia ser tão breve.

O caminho é bem claro,
vou andando ao relento,
acordado eu vou andando,
porém de olho fechado

Não vejo tanta saída,
saída mesmo não há,
não vejo,minha querida,
mesmo hora pra acabar...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Clausura

Estava no quarto mas saí, tentei.
As paredes eram de repente pequenas
para meu ego,
coração exacerbado de sentimento,
ocupava o espaço que eu
não tinha no momento.

Absurdo acreditar em rimas fracas,
inexistentes incertezas inseguras.
Absorto em pensamentos eu vôo,
entrando em colapso eu vôo...
sem pensar no futuro.

Que futuro?

Nada é bom, nada é ruim,
as mesmas paredes do quarto agora
são as da casa inteira.

Não continham a arrogância do poeta
nem o brilho das estrelas.

Voltando a seriedade poética da coisa...

Mudança

Me sinto mal.
Me sinto bem.
Me sento na cadeira
da dependencia.
Cigarros,mulheres,coisas
que eu não explico muito bem.

Posso eu ser assim?
Não?
Bom,
então estou acabado.
Ninguém muda,
eu pelo menos não.
Mudar é limitar-se como um
e aceitar-se como outro,
putrefação de caráter,
nervoso,
absurdo.
Quero isso?






Não.

Logo não tenho salvação.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rio2016, a imbecilidade olímpica!

Seja no morro do macaco , cachorro , gato , papagaio , jacaré ou o filho dele , a coisa tá feia . É meus queridos , a bicharada tá em guerra e com as garras a mostra , rugindo e latindo até pros helicópteros mais distantes do céu.
Aconteceu de um bando de gralhas bem negras atacarem a pobre máquina e essa cair bem no meio da rua , o povo berrando porque o zoológico tinha deixado fugir essa galera toda. A situação era pânico GERAL e os absurdos continuavam , quem me contou foi um dos amigos dos amigos meus que deram um comando e aí pintaram de vermelho. A putaria só não ficou maior porque tiveram que apaziguar pra recolher os mortos e feridos , desfalecidos e com mordidas e arranhões!
Fechou o rio de janeiro! Os animais tão enfurecidos e com a boca espumada, sem pensar nas consequencias desses atos abomináveis pra nem Tarzan , nem Mogli botar defeito. E a população carioca assiste a mais um fenômeno embasbacada e impotente , sem nem poder pegar um Brazo Lisboa pra voltar pra casa... Desse jeito não dá!
É, fica dificil andar com a rua deserta e todo mundo se escondendo debaixo da cama,mas como diz um sábio professor do Pedro II , é CIDADE OLÍMPICA PÔ!
Que merda de cidade olímpica é essa? É favorecer mais ainda o rico e continuar sem subsídio aos atletas que se matam de treinar(ou não) e investir em infra estrutura super faturada pra americano vir aqui roubar nossas medalhas e comer nossas mulheres!
Parabéns , é Rio 2016 ... poderia citar 2016 motivos pra nossa ignorancia aumentar ainda mais , a nossa impotência é a gente quem faz !

Rancor

Levo de volta tudo que me tirou
e atesto neste poema que de nada adiantou.
assinado,
vingança.

A razão pela qual sou poeta

Pra que escrever um soneto?
Pra que escrever decassílabo?
Pra que escrever um poema?
Pra que escrever uma frase
se eu posso escrever apenas a palavra
que traduza todo meu pensamento,
todo meu amor
e todo o desespero da minha alma.
nessa palavra,
revolta.

domingo, 18 de outubro de 2009

''A burguesia fede.
A burguesia quer ficar rica.
Enquanto houver burguesia
não vai haver poesia.''

Sr Agenor de Miranda Araújo Neto e Sr Roberto Frejat.

ao Maff , com carinho e admiração.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Poema de Três Versos

Num poema de três versos
relato minha vida inteira,
em apenas um deles.
No quarto,vazio.

Mercantilismo

Um dia um português,
desses aí de raíz,
trouxe com ele um burguês,
ai que confusão que eu fiz.

Nas praias do meu Brasil
o escambo vai rolar,
a escravidão do índio
não tem hora pra acabar
isso só vai terminar
quando acharem muito ouro...

E forem pra além-mar
pra longe do meu tesouro!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Gerúndio

É melhor olhar pra dentro
do que fora com tormento,
é o coração no centro,
corpo e alma em casamento

Vivendo,
crescendo,
morrendo,

a gente acaba se entendendo
simplesmente escrevendo
todo nosso fingimento.

'Militei em 68'

No meio dessa confusão...
Pessoas de arma na mão...
Tiros entre a multidão...
Corpos caindo no chão...
O estudante do bom colégio,
embasado,educado,culto,
pergunta nesse dia quente de verão:
-Ih alá,peraí,meu irmão!E a liberdade de expressão?
-Tem isso por aqui não,
aqui é assim...
O que manda é a opressão.
O estudante confuso,
triste com a situação,
já entrou em desuso
e tá de arma na mão!

Tony E. Gonçalves e Vanessa C.Herdy de Andrade

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De um cinismo irritável,ou irritante(?)

podem chorar,
bater as pernas,
bater os pés,
bater até as asas...
e voar...
voar...
voar....

Ninguém vai me fazer mudar.
Ninguém é melhor do que ninguém,
prove pra mim que a sua teoria é melhor?
viver a vida com fervor de quem vive
não com o desprezo de quem morre,
ou não morre?
É pura e simples
coisa pouca.
Estúpida e sensata!
que se dane voces todos,
pois não sou eu quem te mata!

Poema certinho

Sim,
aplica métrica com maestria,
mas é sentimento tão bem desenhado,
tão bem escrito,
tão externalizado,
que a forma nem chega aos olhos do leitor.
O encanto sim,
esse não tem como negar,
é ler,
crescer,
e se maravilhar!

pro Maff.

Outro dia

Levanta,rapaz!
E olha em volta a força do poeta que te escreve!
Ele pede força.
E através dela
atravessa o sol poente!
Pro Gui.

Descrição

Você é um soneto.
Tem quatro partes,
uma mais surpreendente que a outra,
e no final,
se é que é possível,
voce se torna ainda mais maravilhosa.

É como alma em poesia,
profundo delírio,
talento revelado em letras do poeta,
é um turbilhão de idéias
em um poema pequeno,
ah! como é pequeno,
quase não sentimos gosto,
mas é o suficiente para ser quase infinito.
Infinita fonte de saber
sem nem saber porque!
esse é pra Micaela.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Sol

Brilho com força
sempre guiando os pés descalços,
e sempre atrás das nuvens brancas
e sempre querendo poucas sombras
e sempre indo de um lado a outro
e sempre iluminando a esperança.

Brilho com força,
e nunca jogando o mundo em trevas
e nunca esquecendo do próximo ciclo
e nunca vivendo até o outro dia
e nunca andando em má companhia
e nunca matando a luz que irradia
do meu longo coração flamejante

Brilho já sem força,
e talvez esteja acabando
e talvez não haja mais alegria
e talvez esteja perdendo
todo o fio de esperança
e talvez esteja errado,todo.

Talvez seja a noite chegando.

E envolto em seu manto,
a criança dorme tranquila,
os sonhos são serenos
e dentro deles tem mil sóis
onde a tristeza não pode entrar,
apenas meu calor,
meu amor
e minha dura realidade,
de fazer-se explicar
que à noite...
tudo acaba...
até mesmo esse poema solar.

Poesia da frustração

Eu queria ter aberto a porta,
eu queria ter imaginado,
eu queria ter despejado
toda a minha vida morta.
Eu queria ter visto o verde,
eu queria ter visto o azul,
eu queria não ter ficado cego,
eu queria mais da vida,
eu queria abrir os olhos
para ver a tirania.
Eu queria não ser poeta,
eu queria não ter alma,
eu queria não ter chorado,
eu queria estar presente
eu queria a vida toda.
Eu queria ter um barco,
navegar pela tormenta
dessa vida sem retorno.
Eu queria muita coisa,
e também não queria nada,
sempre que eu quero algo
é triste verme acabado
eu queria ser capaz de terminar este poema,
eu queria ser amado por alguem de vida plena.
Eu queria ser desenho animado.
Eu queria ter mãos firmes,
mãos de homem calejado,
a esperança infundada
triste fim de ser amado.
Eu queria uma casa,
dentro dela uma avenida,
pra poder andar por dentro
da sua alma perdida
alma essa que é minha,
por toda a minha vida,
até que o pesadelo
se torne minha ferida.
Eu queria ter mil rosas,
mil rosas sem pé de atleta,
queria eu ser poeta,
transformar amor em prosa.
Eu queria ter olhado
pra tudo sem fingimento,
ser capaz do firmamento
jamais ter desabrochado
Percebo que querer muito,
seja coisa muito errada,
nunca fiz nada na vida
que devesse ser lembrada.

Confusão Textual

creio que sua poesiacronicalidade influencia a minha vida como um soco na boca do estômago. é colírio para os meus olhos cegos , é chão para meus pés descalços.creio que tomo-me por medíocre , fiel beleza da alma , obra inutil e execrável , tinta no papel. A vida nunca mais será a mesma , é sopa no mel , nariz no pincel , pintando a tela de aço fervendo . loucura dominante , espontânea , adorável ... que tal voltarmos a execrável?Aquilo que li revolucionou entranhas no paraguai , abriu os olhos de alguem na tailândia e fez um rádio funcionar no alabama .essa é a sua obra , vulcão explodindo e criança implorando pra envelhecer , é esse o caminho , sozinho , eu digo , eu acredito , num bater de asas , poesia delinquente.
Tony E. Gonçalves. p/Dani Dargains

Testamento


Em caso de falha de minha memória...

eis aqui a localização do Amor,

eis aqui a localização do Ódio,

eis a localização de todo bom sentimento.


Está tudo aqui.Neste poema pobre...

e sem graça.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Carnaval

O carnaval é longo
dentro desses quatro dias,
Deus e o diabo se encontram
entre confetes e serpentinas.

Podemos sim fazer um poema triste,
mas prefiro a morte solene
e nada mais existe.



(...)



É o não rimar,rimando,
carnaval é só loucura.
Avisto o bloco à frente
e me encaminho em pensamento
Carnaval é a vida do pobre,
é o ócio do rico
é maravilhoso,suntuoso
ou simplesmente cultural.


O carnaval minha gente
é manifestação social.
Não me entendam mal,
a arrogância é um dom que se desprende da alma e domina a mente.
O que seriam dos poetas sem a peculiaridade de sentir-se superior aos mortais?
De que me vale a falsa humildade
que evidencia ainda mais meu caráter duvidoso?
Sentimento entranhado escrita com sofrimento.
Meu nome não é alegria,meu nome é poesia.
Tony E. Gonçalves

Sinuca

Acordo cedo,
levanto tarde,
indisposto,sem alarde,
nada tenho a fazer.

Triste eu sou,
mas sem remédio,
apenas outro apaixonado
que tem como solução
o exílio,
ou talvez a morte.

Saara

Bancos de areia,
sento-me em um
apenas para esperar
o resgate que nunca virá.
Logo me afogarei nas dunas
e ninguem mais vai ouvir falar em deserto.

R

A roleta roda rápido,
rapido,rasteiro o rio,
resta o resto do rio,
rindo não resta mais riso
o rio ainda é resto,
resto de rio risonho,
rimos muito aquela noite,
por não podermos sair de casa
e só escrever uma letra
R.

O beijo

Um tanto quanto muito tempo
é o que penso de dois anos,
meu nome é levado ao vento
pela trombeta dos anjos.

Nada de mim se repete
visto que sou só eu mesmo,
dentro do lado de fora
para ver-se no desfecho

Não nos deixa assim tão tristes,
tristeza longa e mortal
Nunca jamais tinha visto tamanha tristeza moral

Sorrindo eu sigo cantando,
lá longe nos meus jardins
e tu segues cantando sobre teu amor por mim.
Tony E. Gonçalves

Simplicidade

Procuro algo que faça sentido
que ao menos dê gosto a minha existência.
Atesto minha presença,
afago seus cabelos negros.
Acordo num dia frio,
sem a pretensão de lembrar
o quanto preso e detesto
aquela que me fez chorar.

O tudo é o nada escondido
em sua capa de viagem
onde o amor se espalha
e vai lhe recolhendo a vassalagem.
Amar é vivo,porém representa a morte,
de quem te ama em igualdade.

Terrível engano a morte certa
que se encontra em ferida aberta
do punhal que jurou irmandade.
A vida não é mais a mesma,
de repente vivo a esmo,
a esperar aquela que queira
esperar o mesmo,mais do mesmo.

Tony Espósito Gonçalves.