segunda-feira, 8 de abril de 2013

fases (da vida)

meus dedos marcados
me marcam,
ferido me vejo,
poético ricocheteio pelo quarto,
uma borboleta enjaulada procurando a saída,
meus dedos sangrando
escrevem,
meus pés caminhando me servem,
ou me impedem de voltar atrás,
na poesia me acho demais,
é um vício me metalinguisticar,
me despir e me olhar,
um espelho sem fim,
um túnel de mim,
e a rima escorre pelo buraco,
me escolhe e eu me refaço,
refeito me embaraço,
fodo mulheres e me esvaio,
em sangue, sêmem e suor.

numa segunda fase
me levanto,
canto no chuveiro santo,
me desce o pranto de vida vazia,
entre o choro de raiva e a melancia,
que me mata a fome e a sede,
vejo como sou ignorante.

numa terceira fase sou um deus grego,
declamando clássicos, bêbado, anormal,
sempre fui o pior dos meus mundos,
de braços e pernas arqueados, quando não abertos,
a receber as projeções à minha volta,
me solta! eu grito, essa mediocridade,
eu aqui nessa cidade,
não sei nem mais quem eu sou...

mas numa quarta fase eu termino tudo, 
fico quase mudo,
ouço alguém entrando.
é a mulher procurando defeito,
no disparo feito,
o vermelho do chão.
e os anjos tocam as cornetas,
eu entro no céu,
mas com o cu na mão.

ninguém gosta de morrer em vão.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

apocalipse

sei que o mundo vai ficar pequeno
e sem equilíbrio.
cairá em desgraça e em amores, medo e horrores.
me meço em alegrias mistas com aquilo que a vida se encarrega de transformar em raiva.
sei que o mundo vai desmoronar e viver mais um pouco, fora de órbita envolto em fogo, trevas e religião
e o relógio do mundo pára,
e marcar a hora exata do fim das vergonhas,
de repente sem nenhum sinal de salvação que não sejam eles
a receber notícias de ontem, extratos bancários e revistas de fofoca.
o sorriso

O chão nos espera, nos acomoda e conforta.
Reintegra minha alma desamparada,
desalmada pela falta de amor.
Novos caminhos, novos sorrisos...
Não são tão indecisos.
Já foram um dia...
Apenas sorria,
sorria, sorria."

o frio do chão outrora implacável, hoje revela um calor tão intenso
quanto o sol lá fora,
E a vida melhora com o bem querer,
sem saber porque, o cheiro das rosas
Exalta a beleza das trivialidades.
O sorriso nasce e nunca mais morre.
minha alma cresce e nunca mais chora.