sábado, 25 de fevereiro de 2012


estilos

vai um verso
em um gole,
trago apenas,
pernas moles,
ritmados,
bem cansados,
bem dotados de palavras,
sempre assim tão afetados,
magros,
pequenos e fracos.

essa é minha poesia.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

idade


há milhares e milhares de anos
os homens não se respeitam,
as vidas são jogadas fora
como trouxas de roupa da peste,
queimadas,
mortas,
pulverizadas 
e nunca mais faladas,
sempre.


há centenas de anos
os homens tentam ser o que não são,
tentam ver o que não há,
tentam ter o que ninguém tem.
destroem para construir,
constroem para destruir,
vão e vem sem ir
são e sem sanidade
sobrevivem.


há dezenas de anos 
os homens buscam as curas,
sem sucesso para suas mediocridades,
não há curas para vergonhas e orgulhos,
sentados em tronos de ouro,
enquanto morrem de frio e fome,
quem não vota, não pensa,
não mora e não tem onde sentar.


há alguns anos nasci
o suficiente de tempo para descobrir
que nada disso acontece por acaso,
pois nada é igual ao que foi há horas,
e os minutos passam como água que lava os cabelos,
sujos de terra e de lama,
sujos com sombras de fama
de pensamentos antigos,
tão poucos os verdadeiros amigos
que contamos a vida e vemos tão sem graça
quando não estão.


há alguns segundos atrás comecei a escrever,
realmente não sei bem porque,
mas se posso e quero
tenho como ser em versos,
não quero mais me esconder.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

leva 100 horas pra deixar alguém feliz,
leva 2 segundos pra deixar alguém triste.
é necessário 100.000 horas pra fazer alguém se apaixonar por você,
mas apenas 15 segundos pra fazer alguém deixar de gostar.

o quanto você ainda acha que dá pra aproveitar?

o tempo está contra tudo e todos.
cabe a nós saber por qual caminho ir.
escolha o caminho certo.

o resto virá.
poesia pequena

poesia pequena,
meu lema é
"tente ir além"
se me escrevem
eu me sinto toda,
se me apagam
não me sinto bem.

poesia pequena,
minha vida é curta
e a sua também,
se perdes tempo com poemas breves
ganhas tempo pra pensar também.

e criar tuas próprias bobagens.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

dá tempo de não chorar de saudade

um tom saudoso,
um leve toque,
breve,
prévia do amor
louco que sai dos poros.

tantos ignorantes me perguntam
do que se trata nossa relação.
como responder a tão ácida questão?
se estou aqui, você acolá,
me mato de tanto olhar pra porta,
telefone,
janelas,
telas,
pinturas,
mudas de roupa,
de plantas,
e outras tantas
coisas que não sei dizer o quê.
se está comigo
eu fico
e morro de ficar,
na cama,
vazando de um lado a outro,
torto,
querendo voltar pros seus braços quando vou ao banheiro
me alimentando de teu suor quente,
tua boca fria
me alivia
tudo.

e quando vai e não volta?
ou melhor,
quando foi e não voltou mais.
meu corpo se desfaz,
ele quer ir ao encontro
do divino
dividindo as atenções entre sonhar e sobreviver.
outro dia mesmo foi,
e agora onde está?
de vez em quando liga e diz
"já volto
vou mas retorno,
não te consumas, vergonha alheia,
com coisas tão pequenas quanto tudo o que temos.
amar não enche barriga"

amar não enche barriga, ela disse,
e a morte me toma por tolo.
quero acreditar em fim em todos.

mas começo a desconfiar de mim mesmo.
assim me protejo de sentir-me só.

ela volta hora dessa,
de mala e cuia,
sapatos quebrados,
bolsas roubadas
e vagina ardendo.
tremendo.

e eu aceito tudo.
digo ainda:

"quase deu tempo de não chorar de saudade".

boa noite, flor morena!


boa noite flor morena,
menina donzela,
menina pequena,
querendo carinho,
carente de crenças,
livre de doenças
e alegria extrema,
alegria aos montes
sem sorte e cheia de dons.


ouça os sons do dia
nessa noite fria
numa tarde louca,
de querer que não me doa
o coração.


sou a morena musical
uma flor sensacional,
inspiração 
e no corpo e na alma
de onde vem a calma que me causa dor?


complicada sou,
guerreira silenciosa,
passo linda e toda prosa,
pra que tenha o que não tem,
nem vai ter pra quem se quer
se não sou mulher,
que serei eu?


espectro da noite,
noites de açoites
coitos e desmandos.


transo de ter atitude
e não me canso de dizer.


puta não é meu nome do meio,
e exijo respeito de quem se revela,
de carinhos vou deixando a merda,
vampira moderna é meu jeito de ser.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

derrota

um encanto se perde.
me ponho a cantar
um hino triste.
irei ensinar
que a alma existe
na alegria e na vitória,
na derrota se conserva a memória
num fracasso aprendemos
e fortalecemos nossos laços,
damos muito mais abraços.

se nos braços não há taças,
se na vida há desgraça,
se as conquistas nunca vem,
haverá você também
de ser vencedor.

naquilo que lhe ferve o sangue.
nas coisas que lhe fazem levantar.

se nas coisas simples ninguém ganha,
coisa grandiosas
nas mãos de quem irão ficar?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

sedentarismo

meus livros foram lidos, arrastados,
meus beijos foram dados, roubados,
meu sexo foi testado e comprovado,
fiz você perder teu selo do inmetro,
iso 9001, 69, enfim,
números infinitos de posições,
jargões médicos para brincar,
e muitas divinas comédias para encenar,
mas isso é papo para outro dia,
pois, eis que me apaixono e fico de calças curtas.

sendo eu excelente em nada fazer,
visto que uso palavras difíceis mesmo sem entender,
pagando de escritor para sobreviver e tirar calcinhas de mulheres e meninas,
como hei de fazer com que tu me notes como homem?
o que tenho eu a lhe oferecer, sendo eu um monte,
um monte de bosta, um monte de outros montes,
um monte de todo mundo?
falho em perceber minha própria personalidade,
e falho como homem.

não sobra nada...

além minha vida estagnada,
que tudo
é quase nada,
perto do buraco
no meu coração.
é o vazio estranho,
que me dói o peito,
que me faz pensar em uma só questão...

onde está o controle da televisão?
complexo de bebidas, dinheiros e outras coisas


http://flocoscombacon.blogspot.com/2012/02/cachaca-e-vodca.html


me chamaram, desci,
cheguei no bar, subi,
depois de um tempo bebi,
passou mais tempo, cansei,
cansei de ser eu, me entreguei,
joguei pros meus amigos a minha alma e o meu corpo,
solto, quase louco estava,
culpa da cerveja e da caipirinha de cachaça,
essas andam de mãos dadas e não querem me largar.


não se fazem mais transportes como antigamente,
tinha o bonde,
o ônibus era quase de graça,
que graça tem se não se tem dinheiro pra passagem?
nem que esteja só de passagem e não queira demorar,
não tem graça mendigar,
pedir e implorar,
infinitivar ou calado,
dormir na rua em pleno carnaval.


ninguém ri das coisas simples.
o que faz rir de verdade são os novos valores,
os novos humores,
meninas de 14 anos grávidas,
governos e invenções malucas como caipirinha de vodca.