quinta-feira, 26 de maio de 2011

de vez em quando também penso em sentimentos nobres

ahhhhhhhhhh, acordei,
me sentindo moderno,
esbocei sorriso,
mas não consegui.
me abri, me encantei,
senti o cheiro das rosas brancas
no jardim lá fora,
senti o sopro de vida entrando na casa,
vibrando do nada, pulando e cantando
tirando de tudo uma lição.

de vez em quando olhava por detrás do ombro,
se alguém me seguia, ao ir pro trabalho,
alguém se esgueirava, eu sentia, marcava, meus passos seguia,
diabos! dizia e nada eu via,
mas como veria? tão cego de ambição?
cantando aquela mesma canção, não dava muita atenção.
no fim cheguei ao destino, encarregado, vivo,
cheio de mim mesmo, responsabilidades, alardes, chamadas.

a rotina tomava conta da sala, do prédio, da rua,
a viela no centro da cidade,
como seria a vida em bora bora, oahu, etc. como?
não conseguia imaginar,
nem sonhar, que sonhar é brega, dizem,
e nada quero esperar.
vou me enterrando em silêncio,
dispenso problemas de marca maior,
aliás, é o que mais tenho, todas essas vidas que vivi,
só problemas tenho pra mostrar,
e um poema que agora ensaio,
nesse mês de maio que não acabará.

mas dentro disso também há esperança,
nesse destempero e delírios mil,
essa rotina, desgraças de março, que o fim de julho estará por vir.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

motivação

eu olhava e olhava aquele pedaço de papel,
começando tão metalinguistico quanto qualquer outro,
olhava e escrevia,
poesia,
ardia em mim,
sem ter o que fazer,
sem chorar, nem querer,
infinitivar,
morrer,
eu olhava e olhava.

eu olhava com prazer aquilo à volta,
sem pobreza, tão nobre e morta,
sem riquezas, sem nem porquê,
dizer se vinha ou não vinha,
inspiração, tirar de onde?
sei, tem gente que tem montes,
mas não era por querer.

não adianta escrever,
sem ter consigo o sentimento,
sem carregar algum tormento,
sem tocar nem instrumento,
sem a sensibilidade crítica,
monolítica,
sem ter nada na cabeça,
mas tendo alguma certeza e pondo pra fora.

agora, se tens tudo isso,
não perca seu tempo,
vamos deixar de fingimento,
que de inteligência já morreram tantos,
entregues a vida bandida,
à bandalha ferida que os queria mal.

e se tiveres algum pensamento,
guarde pra ti mesmo e não me amole,
não coloco em meus versos sujeira,
besteira, poeira que imacule a prole.

algo me dá forças para continuar,
não quero escrever mais, é bem verdade,
mas como não atender a chamados superiores,
divinos sabores e temperança?
se fosse ainda ontem eu teria me esquivado,
me salvado,
salivando de vontade de me enterrar vivo e nunca mais... nada,
mas não é tanto assim que eu vivo, não mesmo, meu senhor,
é de viver que se entende, e eu andava meio desentendido mesmo,
escondido de me sentir bem,
a vida me lembrando assim que ainda tem o que se tem,
e aí a gente olha pra frente.

quando a gente tem um outro,
coisa nova, ventos novos,
esperança,
a gente dá valor,
mas se for só por isso, a vida não tinha cor
e tudo ia pelo ralo, não?
não.
ou talvez sim, mas não nos cabe ser, só aceitar,
e um dia uma linha que seja, pode te salvar das alegrias,
que essas passam mais rápido do que foi a idade da terra.
não.
o que fica são as mudanças,
se não totalmente suas,
pelo menos tem seu toque,
identidade,
que se faz de sua imagem e semelhança,
sem Deus, que esse não olha, só cria,
e não destrói o sorriso de uma criança.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

espera

se arrastando como uma falha no tempo
maio vai passando e levando consigo minhas ilusões,
e até junho chegar, já me cansei de compor canções,
e quando julho resolver se iluminar,
penso em agosto e em minhas esperanças
tolas, em sua grande essência
pois quem espera, jamais alcança.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

sombrio

aquele que duvida do meu talento, mas nunca duvidou do meu coração, Thiago Catarino.

vazio, escuro,
sozinho, sem vida,
triste, sóbrio,
neutro, podre,
morte, sem sorte,
avante guerreiros da noite em suas inúmeras definições,
só alguém que tenha estado no lado negro do mundo
pode voltar com determinadas percepções,
palavras todos usam,
mas jogam, necrosando ao vento,
soprando sem medo o ferimento,
ferida de dor e desgosto,
em pleno mês de agosto,
quando a vida volta a brilhar.

mas agora o que só tenho é o olhar,
marcado por tristeza e ócio,
será que posso ser de outro jeito?
terei de ficar sem jeito quando pensar em calores?
que sou eu já sem amores?
quem bate a minha porta a procura de sabores,
só encontra o amargo do féu,
não, amigo, não há mel para quem se transformou no próprio ferrão!
adocicando poesias em vão, estragando textos e prosas e versos e notas,
e acordes em fossas, sinfonias inteiras sem som,
surdez acumulada, drama, não há fama, então coma!
coma tudo que vier, coma a vida, coma a morte,
se convença que não temos nada a perder,
pois no final, o que ganhamos até aqui?

de que me vale ter essa realidade, menos morta,
se nem ao menos me foi dada a força bruta,
que suportar já me estafa tanto,
e tanto faço para respirar teu pranto.

e o meu. bem, eu mesmo só quero é gritar,
gritar aos sete ventos, chorar,
chorar sobre os tormentos e dizer,
sem ninguém escutar.

esse poema péssimo e ruim,
forte e desnecessário,
não teria sentido,
se aqui desse lado,
estivesse alguém que de fato tivesse algo a oferecer.
não teria sentido,
mais ainda do que uma pessoa feliz,
não ter o que querer.