quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ei saudade

ei saudade!
é tão complicado entender,
fácil não ter quando se tem por perto
aquilo que queremos tanto,
mas não sabemos se temos ao certo.

domingo, 18 de dezembro de 2011

cartinhas de adolescente I

um verso assim,
um verso em si,
um verso em ti
um verso em mim,
te quero aqui,
ali, acolá,
e a poesia em meu amor há de passar,
é sempre um fim,
posso viver,
dizendo enfim
que amo você,

mas se soubesse o que era amor
não me perdia em cartinhas.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

certeza

minha infinita sabedoria me põe a prova
cada vez que alguém me pergunta algo,
sinto-me fraco, perco o foco,
mas estou perdoado,
escolho ser atrasado,
prefiro não ser questionado
ao invés de me complicar.

a mais bonita das vidas é a que levo,
não nego que prezo por uma boa conversa,
mas só converso mesmo com meus versos,
e eles me contam tudo que preciso saber,
me dão coragem,
tenho medo de mim mesmo.

mas se mesmo algum anseio possa apresentar,
se alguma dúvida em mim manifesta,
toda vez que me indagam algo a revelar,
eu os respondo "você mesmo é que não presta".


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

gentileza


gentileza gera gentileza,
amor,
mas o que fazer quando não há nada em volta,
e tudo o que queremos de verdade é simplesmente ter de volta
aqueles que de nós foram roubados?
aqueles que um dia foram amados,
que nos objetivaram imperativando nossas ações,
apostaram em nossas inexatidões,
relutantes, perdoaram nossas falhas.


não.


meus amigos,
gentileza não gera gentileza,
sujeira do mundo,
crime,
maldade,
infortúnios.


pessimismo?


o velho profeta que nos ensinou,
a bondade dos homens vai prevalecer,
mesmo sem saber o que se passa,
devemos confiar na nossa massa,
mesmo que essas usem maças,
bastões, porretes, armas.


os orgãos corruptos e corruptivos,
corruptíveis mexendo em fusíveis,
correndo com tesouras na mão, enlouquecidos,
jogando granadas, disparando, batendo em retirada
em meio aos gases tóxicos.


é claro que há esperança,
quem tem ela e vai atrás alcança,
abraça a todos,
beija,
festeja.


mas quantos outros velhinhos de barba iremos perder,
sendo profetas ou não,
tendo dinheiro ou não,
em meio as fatalidades,
para descobrirmos quem somos?


e porque em diversos casos a gentileza leva bala,
e essas não são festim.


entre palhaços aterrorizantes,
elefantes,
girafas e mulheres barbadas,
temos menos um homem são.


pense.
é assim com todo mundo.

acordei querendo uma vida,
a minha tão gasta, tão esquecida.

era uma vida em que tudo era branco,
a junção de tudo,
sabores e cores.

acordei vivendo em um sonho,
era diferente, em minha própria vida
era eu estranho.

acordei querendo uma vida,
em minhas falácias terei que morrer?

explica.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

a menina que não tirava férias


era especial.


trabalhava e trabalhava e trabalhava.
queria viver e vivia como queria,
vez ou outra até lia, fazia, era outra,
ela mesma, 
mas de fato se cansava de ser tanto,
cansada de viver tanto uma vida,
duas,
três,
que não cabiam na idade da terra.


seus dias, meses, anos,
não cabiam no calendário.
suas letras, palavras, frases,
não cabiam no abecedário.
seu amor não cabia dentro do coração.


e que coração tinha essa menina!


dividia a vida imobiliária com sua mãe,
problemas, tinha, como todos tem,
mas se abster virou uma opção,
com o mundo nas mãos nada abalava a protagonista,
sim,
protagonista de filmes dos quais ela não lembra o nome,
nem daqueles que com ela contracenaram,
de vez em quando,
estudando,
se pegava cantarolando,
canções que jamais lembraria quem compôs.


não comia feijão com arroz,
mas também não deixava mais nada pra depois.


queria ser grande.


não antes da hora,
que quem faz por onde,
vê o seu crescer,
separa sem demora,
e deixa os outros brigarem por migalhas.


quem nasceu pra brilhar,
não consegue perder nada.


às vezes só se perder de vista
e não ver quem está em volta,
batendo na porta,
vou querendo entrar.
me pediram rima


pediram rima,
eu lhes falo logo,
a rima simples,
rima fria,
mas minha poesia está acima,
declaro,
claro!
como não haveria de ser,
averiguando,
apresentando um gerúndio,
sendo recitada em latifúndios,
ocupações,
cantadas em canções e mortes,
velórios, falta de sorte,
ou encontrando um amor maior,
um substantivo ou um verbo só,
um adjetivo e as classes tomam conta.


pediram rima,
eu lhes dei um monte,
montes de bostas,
montes,
poesia sem fontes,
sem destinação,
destinatário, paixão,
vivo sem identidade.


mas a minha poesia é autêntica,
não gosto e não mexo na semântica,
na interpretântica e a na leiturântica.
de inventar palavras já cansei,
e já nem sei continuar,
mas se querem rima, olhem pra cima,
é do céu que elas vão brotar.

sábado, 10 de dezembro de 2011

me cansei


me cansei dos olhares fáceis de interpretar,
suas falácias,
seus pudores.


pra mim não era menos que um jogo.
algo de passar e observar.
na verdade tantas coisas passam pelas nossas cabeças,
que nós não vemos, 
nem temos a capacidade de enxergar.


tentamos ver, mas só conseguimos não alcançar.


uma palavra, um sonho,
tudo é nada mais que eu verso.


perdido no nada, dentro de uma garrafa indo além-mar,
lá pro japão.


um sentimento não se compra.
ele é apto a ser.
simplesmente com amor,
se você pode querer, pode fazer.


tudo isso e mais um pouco é o que todos nós sempre quisemos,
mas querer, meus amigos, é difícil!
e a decisão que se toma é quase sempre errada.


de vez em quando me pego pensando sobre naves espaciais, unicórnios e outras fantasias de adolescente.
mas eu tô vivo.


eu penso em levantar da cama e não ter problemas.
penso se o dinheiro vai dar no final do mês, pra comprar tudo que preciso.
me alimentar, me vestir, me calçar.
libertar-me de idiossincrasias, mediocridades, 
minhas únicas conquistas.


um ser incompleto: é isso que a vida nos trás.


nada além de uma televisão chiada, fantasmas, desejos
não sou eu que falo, é o universo inteiro,
pra quem nós prestamos contas,
seja em um templo ou em um terreiro.


nos apegamos muito ao que não vemos,
mas por outro lado, também vemos muito as coisas pelas quais não temos apego algum.
o que fazer?


é um dilema moral: sonhar ou se desfazer?

domingo, 4 de dezembro de 2011

noite entre amigos e mulheres

um sorriso mal dado,
um beijo, uns amassos,
tinhamos uma vida inteira
e não aproveitamos nada.

nos entreolhamos aquela noite e rimos,
fizemos valer a pena,
sujamos lençóis,
cantamos e ultrapassamos limites,
de nós mesmos,de vidas passadas,
tão entregues e engraçadas,
que nem mesmo pensávamos nisso.

há quem diga que podemos tudo,
mas se for tudo o que queremos,
que vamos querer?

se com um infinitivo termino um poema,
qualquer outra merda posso escrever.