ela era muito engraçada,
quando passava na rua
as pessoas riam de verdade.
Rolavam, sentavam,
socavam o chão.
Era um grande sacada,
a piada inteligente,
tirava mais daquela gente
que a risada só, comum.
Mas um dia a piada olhou no espelho
e nem esboçou um sorriso,
não entendia a própria piada,
nem onde ficava tanta graça.
Com toda aquela tristeza,
resolveu tirar a própria vida,
se cortou toda em ferida,
que aberta escorreu.
E dela saiu o português,
a loira burra,
o viadinho,
o papagaio,
e todas as coisas que eram famosas e queridas
na piada em questão.
agora que as palavras caiam no chão,
a graça, que graça tinha?
ela até que enfim reparou
que era até um tanto engraçada,
mas agora ia acabando
os versos diminuindo
e as risadas sumindo
da piadinha guerreira que era,
e não conseguia se achar.
Quando ela foi se juntar,
descobriu e de salto exclamou:
'Caramba, meu Deus,
contadores de piadas me ajudem!
acabei virando um soneto,
mais vagabundo que tinha, impossível,
falando de amor assim,
tanta métrica sem graça,
como caí em desgraça, sem nem ter escorregado
na gramática?'
Coitadinha da piada, estava agora sem remédio,
tentou foi se remoldar.
se cortou toda, tentando tirar a vida,
que o próprio sonetinho já tentara lhe tirar.
e aí foi caindo o amor, a donzela,
a marquise, o violino e a musiquinha,
e ela agora foi então desesperar.
Coitadinha da piada, estava agora pra acabar,
depois de perder a graça,
e o respeito da massa,
a verdade absoluta
só o título a mostrar.
e nem tinha tanta graça,
o danado lá no alto,
já não nos dizia nada
que coubesse comentar.
dizia 'Humor' assim, sem graça,
e a parte mais engraçada
ainda tenho que inventar.
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