quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A invenção do sentimento

eu invento um romance inventando
a viagem,
inventando uns amantes e camas redondas,
vou criando uns dramas, problemas à margem,
então desviando o balanças das ondas.

eu invento um louvor ao
amor maior,
eu invento uma reza que eu já nem
sei mais,
eu saio de casa tendo tanta dó
de te esperar lá na beira do cais.

sabendo que nunca vai voltar pra'quele
que um dia te inventou um poema,
e termino esta carta dizendo
que meu amor já morreu de enfizema.

aos pouquinhos sufocando,
deveras enraizado
contudo já vou cantando
a dor de ser mal amado.

eu invento uma briga pra justificar
todos os problemas que tenho contigo,
eis, porém o ruim de inventar,
não consegui inventar um abrigo.

[que me abrigasse o amar, o amor,
que não me negasse a amizade,
e nessa confusão de sentimentos, dor
a vontade de escrever me invade]

o poema terminou há muito tempo antes
dessas estrófes mal escritas, sim,
mas não me culpo, ainda que não cantes,
sei que ainda sentes o calor por mim,
que te sobes do pé de vento,
até o cabo das tormentas.


(não adianta mais negar,
que ainda te faço soltar fogo pelas ventas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário