terça-feira, 5 de outubro de 2010

Biel Cardoso, mais uma vez.

Presente de grego

imagine um cavalo,
madeira gigante,
inventam um monte
de coisas pra dizer.
inventam que é morte,
inventam má sorte,
somente mais um poste a queimar.

o povo da vila,
quando vê a coisa,
imagina comida?
comida não enche barriga,
se for de madeira, não é mamadeira
e a criancinha não se alimenta.

mas de que adianta se a água barrenta
termina o serviço que o cavalo entrega.
se o povo de Tróia soubesse,
que essa miséria agrega o pesar da guerra.
o rei lhes daria mais terra,
o rei também erra
e precisa pensar.

então ele põe o cavalo pra dentro.

e a guerra há de terminar,
e o rei cansado,
quebrado as pernas e os orgulhos,
todos fulos
pois a comida há de acabar.

e mais um dia se tem pra chorar.

a moral é que um cavalo não resolve nada,
ainda que de madeira,
não vira mamadeira
e dele ninguém se alimenta.

mas se os gregos tivessem mandado,
comida e remédio?
o resto a gente inventa.

e não tem mais nada pra falar.

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