quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

o falso romântico

abre o olho, mulher! e pára e pensa!
que fazes pra ser assim tão amarga?
como pode ser assim tão séria?
abre o olho e de uma vez enxerga a beleza,
só uma vez ignora o infinitivo e o acabativo,
ignora também o subjuntivo e o judiciário,
aproveita e me aguarde com o imperativo e o precário na mão.

abre o olho e me veja nos sonhos,
sempre tão ávido por ti, um saber estranho,
um poema horrível porém luxuoso
é só o que tenho a te oferecer,
e não é nem por querer
mas não tenho nada mesmo.

quem seria se pudesse olhar pra trás,
fazer tudo diferente,
dar valor e flores,
despertar amores e mandar cartinhas com figuras,
adesivos e perfumes de menina para que te identificasse,
quem seria se fizesse tudo isso,
e ainda provasse o sexo de forma ótima
como um louco apaixonado faria,
insaciável e atrasado para que chegasse à minha frente?

abre os olhos, mulher!
tudo que tem à tua volta é lindo.
amor, vinho, pão, um fogão, uma geladeira,
uma máquina dessas modernas de fazer suco
e ainda uma vassoura nova,
uma batedeira e um óculos de leitura,
tudo dado pelo romântico que leva a tira colo.

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