sexta-feira, 21 de outubro de 2011

o que o escuro carrega

é tarde da noite,
sonhos, rostos, cores,
tudo some.
nos escondemos por entre os escombros,
com os escrúpulos assombrados por medos passados,
estamos passados, velhos por dentro,
dramáticos,
sádicos.
não sabemos ao certo o que acontece à noite,
quando cai, já caímos,
vimos passar o dia,
cansamo-nos,
dia inteiro,
noite inteira essa melancolia.
dúvida.
é na noite que se revelam os livros abertos,
as vidas retrógradas e opiniões diversas,
é a noite que andamos às pressas,
sem saber o que espreita,
sem saber endireitar o mundo,
segurando o que temos de valor.
e o amor?
esse só não existe de noite, diriam os amantes,
e os bem casados, a rotina veem a porta bater,
filhos, ter, sem querer
querer sem ter,
não ser mais sem viver,
por eles, por todos eles.
a luz elétrica se apaga
e nos desesperamos.
lá se foi uma luz de preocupações,
sem televisão, sem eletrodomésticos,
de repente sem vida.
a noite é uma coisa contínua,
incentiva e incita a morte,
mas nem sempre essa se faz cumprir,
temos que parar de agir atrapalhados,
no escuro, tateando tudo,
quebrando as coisas,
devemos ter consciência.

então pára e pensa.
que já é tarde da noite,
sonhos, rostos, cores,
tudo some.

e nós?


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