sexta-feira, 16 de julho de 2010

Janta

Peço que me desculpem por esses dois poemas que se seguem, 'Janta' e 'Logo acaba' , por serem meus piores já escritos, mas tinha que postá-los, pois não só de talento vivemos, mas também de mediocridade constrangedora, como mostro em seguida.

Senta, moleque,
depois de lavar as mãos,
cumprimente teus parentes com um abraço.
E dê seus respeitos aos mais velhos,
beije suas mãos,
recolha-se.

Uma vez reunidos,
o pai, a mãe, os irmãos,
aqueles primos de Minas,
aquelas tias de Lumiar,
aqueles parentes que ninguém gosta
da zona sul,
todos se perguntando qual seria a pior história.
A mais triste,
a mais linda,
a mais verdadeira.

Em meio às mentiras e provocações
dos adultos,
que só sabiam beber e fumar,
e contar as próprias desgraças,
o menino, perdido,
começa a comer e cria coragem,
não se deixa levar pela desigualdade
que a família lhe traz.

Quando finalmente todos se calam,
e vão atacar os pratos,
vorazes,
famintos,
secos,
o menino se levanta,
após pedir licença, é óbvio,
e se retira,
vai brincar, ou simplesmente fugir.

Cansado da rotina da janta, ele pula a sobremesa.

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