terça-feira, 27 de julho de 2010

E agora?

e agora o que a gente faz da vida?
agora que tá tudo tão perdido,
o que a gente faz?
levanta a cabeça,
e segue em frente,
na direção ao amanhã
de manhã.

A noite já foi,
com ela o depois,
que é pra lá que o sonho leva.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Solidão

De vez em quando eu sinto saudade,
daquele tempo simples e melhor,
onde te amar não trairia dó,
e de verdade não seria só,
e a alegria era bem maior,
e a agonia era tão pior
que nem sequer se colocava em mim.

De vez em quando eu tenho vergonha,
de admitir assim quanto te quero,
de aguentar a falta de sucesso,
falta de força daquele que sonha,
falta de acordo entre parte e outra,
a falta de sorte entra pela porta
e não deixa teu amor entrar.

Saia rodada, maquiada, em festa,
o que eu queria era ver-te lá,
me apaixonando cada dia mais,
pra cada dia mais me emocionar.

Esse é o castigo que o coração dá,
vida inteira de querer sem ter,
vida inteira de estar sem estar.
Jorge

Para um dos pilares da minha existência, meu companheiro de horas e horas, oras e oras, e tudo o que mais aparecer, Jorge Couto Mafra.

Vejo Jorge, vem gingando,
juro que Jorge soltou um gemido,
juntando as juras de amor perdido
e chorando as juras que jurei contigo.

Cheguei juntando essa peça gerada
e cheguei a uma conclusão.

A Jorge resta alegria,
salve Jorge, meu irmão!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Coisas.

qual é o preço das coisas?
tantas coisas,
lindas coisas,
essas coisas que me mostram.

todas as coisas,
vi as coisas
quis as coisas e demais chorei.

levo as coisas,
tanto as coisas,
quanto aquelas coisas
que um dia vivi.

finalmente percebi que,
tantas as coisas,
vamos à elas,
aquelas coisas,
coisas tantas,
tantas coisas.

meras coisas.
Arquitetura

Quando olhei lá de cima,
vi a grande confusão.
Carros, casas, gente,
que horror!

Buzinas longas e curtas
tiros entre a multidão,
o caos total do meu povo,
urbano,
entregue às traças,
amassados entre eles
mesmo aqueles de calor
os que andavam por ali
nem ao menos olhavam um para os outros.

No meio daquela guerra,
no meio dessa fervura,
parar para refletir sobre essa arquitetura,
prédio alto, lindo, frio,
modelo de ostentação
até que venha um avião
e coloque tudo abaixo.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Madness (reception)

Good night, sir,
ID and registration, please...

sir?
hey, sir!

i'm sorry,
what did you say?

Nevermind, sir,
here's your key,
enjoy.

Thank you,
but i'll need more than only one room.

I'm full of business for today,
and i believe there's somebody waiting for me here.

No.
Nobody checked in since this afternoon, sir,
i'm sorry.

Don't be.
I'm am sorry.

I beg your pardon, sir?

forget it,
everything is gon' be fine.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Let's see...
204,308,406.

Madness (room 204)

Give me the knife,
nice and slowly.

Ok, that's it,
thank you,
easy, easy,
that's right,
good girl,
no one is gon' hurt you.

Now lay down,
this bed seems empty
without you.
Yeah, baby, that's it.

What is it?!
NO!
STOP IT!
BITCH,
NO!

Jerk.
Never treated me nicely,
not even once.
Wanted the knife, i'd gave you the knife.

But i'm not giving out my gun,
you son of a bitch.

Enough with the raping.
Bye, bye, blood.

Madness (room 308)

Show up your show off,
get off with your show face,
face up your cards right,
straight up once and cry.

So strong,
so long,
be gone.

I died for you,
at least think of me,
while you're having sex,
while you're being strange,
while you're being yourself.

Let me take a rest for now,
and i'm sorry for believing you once
in my miserable life.

Isn't it madness?
cheap slut and respectable man.

Yeah,
that is crazy indeed.

Madness (room 406)

Straigth ahead i jump,
trying to leave this place.
Will it be enough
for my bad personality?

won't my ghosts chase after me,
leaving me no choice besides jumping?
i tremble, still,
still not loving my face,
still not finding my love,
so many times, i say.

I'm drowning in a river of doubt,
so many doubts.
Will i fall?
would you catch me if i fall over?

you need me, bitch,
make my love worth it.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Diálogo de mudança de vidas

Tony Espósito Gonçalves e Ana Beatriz de Lima Gomes

-Sinto saudades das suas poesias, um dia voltarei a ler o que escreve.

-Eu sinto saudades de você mesmo, embora também aprecie sua literatura.

-E suas poesias são você.

-Nem sempre, nem sempre.

-Às vezes minhas poesias são o que eu sinto, vejo, sou..
outras vezes são tudo isso e ao mesmo tempo não são um retrato de mim mesmo.
Posso escrever um livro de 150 pags sobre como eu sinto sobre você.
O que eu vejo em você...
ou o que eu sou em você.
E por isso sou grato, pois considero um dom.
Transformar o 'eu' em 'tudo'
é lindo.
Mas entendi o que você quis dizer.
Linda forma de dizer que sente falta de si mesma.

-Quem sabe eu sou ainda mais eu mesma, quando tenho você.

-Eu gostaria disso. Gostaria que você também acreditasse.

-Quem sabe. Eu não sei. Só sei que gosto de não saber.

-É doloroso, todavia.
O seu não saber, afeta o meu querer bem,
se é que a gente tá falando de sentimento.

-Mas não afeta o meu.

-Isso é bem claro pra mim. Meu Deus, você tá sendo muito insensível agora.

-Porque ele é independente,
(o meu bem querer).

-O meu também, não muda o que sinto.

-Então ficamos assim, eu gosto de você e você de mim.

-Você gosta de mim, com controvérsias?ou você gosta de mim como eu já demonstrei?

-Gosto, sem controvérsias. Não há uma só maneira de gostar.

-Você entendeu.

-Sim.

-Claro que sim.

-É também cruel perceber, o quanto você brinca com meu estranho sentimento.

-E é triste ver como você ainda acha que brinco.

-Não brinca, mas é cruel mesmo assim.

-Mas não quero ser cruel, muito menos com você.

-Acredito. Que difícil entender tudo isso.

-Compreender ou aceitar?

-Um pouco dos dois. Compreender suas palavras e aceitar a repercussão das mesmas. Não sabia que me sentiria assim.

-O não compreendido é mais fascinante. A magia é a indagação, não a resposta.

-Não pra mim. Sou pragmático demais e objetivo demais pra entender de magia.Eu vivo acordado pra entender.

-E eu vivo sonhando por não entender.

-Talvez seja por isso que buscamos um ao outro.

-Talvez sejam ambos nossos maiores problemas.

-Não sei

-É, pode ser. Tô cansada demais pra entender isso sem sonhar.

-Tô cansado demais pra sonhar isso sem entender.

E nada foi como era antes disso.







sexta-feira, 16 de julho de 2010

Janta

Peço que me desculpem por esses dois poemas que se seguem, 'Janta' e 'Logo acaba' , por serem meus piores já escritos, mas tinha que postá-los, pois não só de talento vivemos, mas também de mediocridade constrangedora, como mostro em seguida.

Senta, moleque,
depois de lavar as mãos,
cumprimente teus parentes com um abraço.
E dê seus respeitos aos mais velhos,
beije suas mãos,
recolha-se.

Uma vez reunidos,
o pai, a mãe, os irmãos,
aqueles primos de Minas,
aquelas tias de Lumiar,
aqueles parentes que ninguém gosta
da zona sul,
todos se perguntando qual seria a pior história.
A mais triste,
a mais linda,
a mais verdadeira.

Em meio às mentiras e provocações
dos adultos,
que só sabiam beber e fumar,
e contar as próprias desgraças,
o menino, perdido,
começa a comer e cria coragem,
não se deixa levar pela desigualdade
que a família lhe traz.

Quando finalmente todos se calam,
e vão atacar os pratos,
vorazes,
famintos,
secos,
o menino se levanta,
após pedir licença, é óbvio,
e se retira,
vai brincar, ou simplesmente fugir.

Cansado da rotina da janta, ele pula a sobremesa.

Logo acaba

por quanto mais tempo as palavras vão me bater
até descobrirem que de nada adianta?
que de todas essas besteiras literárias são inúteis contra mim?
o que podem meras letras misturadas e sem sentido
fazer contra minha vida sólida?

faço votos para que essas palavras se calem
e me dexem em paz,
não mais povoem meus sonhos, ordenando-me que as escreva.
peço liberdade, apenas liberdade,
mais nada.

nunca duvide do poder das palavras, dizem.
elas podem ouvir e sempre entendem,
mesmo sem querer.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Além d'África.

dedicado à meus amigos da Rural.

ô, amigo africano,
de sofrimentos, de guerreiros mil,
leva em tantas cicatrizes o orgulho de teu pai,
teus irmãos,
teus verdadeiros irmãos.

Povo sofrido e doente,
o medo da chibata,
das tribos, malignas
e comedoras de carne humana,
desumana,
da doença,
do destino.

Mas amigo africano,
preste atenção por favor!
o destino quem faz é a gente,
e do espírito dos guerreiros antigos
e da dignidade adquirida em si,
e dos maiores preconceitos que vemos ali,
e de tanto chorar, fez-se mar.

Mar de lágrimas de liberdade.

O amigo africano,
cansado de tanto lutar,
passa uma conversa em seus filhos
e o legado então sobrevive,
legado de sangue
e também de amor.

Descubra a verdade,
o irmão africano desgraçado por nós,
abaixo do pé,
lambendo a poeira de vossos sapatos
colonizadores,
tem seu valor.

Acorde,
viva África,
seja África,
entenda.

Aquilo que te alegra o dia e a noite

Carinhosamente dedicado à minha flor, Thays Oliveira.

Tanto amor envolvido em desgraça,
o cansaço tremendo, a vida sem graça,
me entendo, te entendo, e a gente se entende,
tão sensato o carinho que tão novo aprende
e se esconde num lugar fechado.

Como se livrar dessa escuridão?
procure e se vire que haverá surpresa,
beleza, só, nem sempre põe o que comer na mesa.
Mas se nada disso adiantar,
eis a ajuda, ter pra quem ligar!

Um sorriso desacreditado,
que tão sempre há de iluminar,
mas se acredita no carinho vago,
sensação de ter pra onde voltar.

Uma folha escondendo o rosto,
a vergonha da beleza ao posto
de rainha do pudor tremendo,
o louro dos cabelos, o vento
sempre tremendo o oposto.

Quem será que aparece
pra minha vida tão cedo alegrar?
o poeta que escreve,
cansado de perguntar,
sempre entende à sua volta,
a figura recém escutada,
ouvida, falada,
documentada.

Esculpida.

Pode ser aquilo que depois de tudo,
sofreu tanto quanto a gente,
sempre envolto no desgosto,
nunca foste tão contente
quando olha no teu olho,
escuta tua voz (cantada ou não)
e consegue num olhar,
numa ação espontânea,
na sensação de corar,
fazer esquecer do porque estivera ali
pra sempre perguntando,
quando haveria de acordar.

Sim,
a vida é sonho triste,
como o movimento em quatro rodas
a rodar.
Aquele feliz movimento,
fruto do alegre vento
que te faz voar.

domingo, 11 de julho de 2010

Recursos

Língua,
linguagem,
linguística.

São tantas as artimanhas
da língua portuguesa
que quase não sobra nada
para a minha poesia pobre.

Assassino!

PARE!
eu vou passar,
atravesse depois que o sinal fechar.

Meu coração descansa no meio da rua larga,
não passa um carro por onde a vida passa.

Não acredita?
levo você até lá,
onde meu coração repousa,
pra lá você ir caminhar,
eu tiro meu coração de lá
para um carro te atropelar.

Fim

No topo da montanha me vejo,
pequenas são as pessoas,
são formigas, sim, negras,
e mínimas suas existências,
mas grande é sua força,
e em desatino lhes testo a coragem.
Me aparariam ao me ver cair?
carregariam meu fardo ao implorar?
seriam elas, as formiguinhas
aquilo que há tanto procuro?

Não.

Devo entregar-me todo a mim
e somente a mim,
e não me encher de pessimismo
burro, tolo,
e assim mesmo cair sem medo.

Prisão

Quando cheguei não acreditei.
O lugar horrível,
os sussurros inaudíveis,
os gritos entrecortantes,
o desespero,
a dor,
a vida desmoronando,
a violência,
o julgamento,
eu sendo condenado,
me arrependendo
e constatando o fato.

Ou eu morreria,
ou sairia um monstro,
pior do que era,
ainda mais louco.

Identidade

Levo-me todo
num sentimento de culpa
intenso, arredio,
tudo na alma é negro
e negro é a cor do manto
do espírito leviano,
esdrúxulo, frio
que tanto te faz mal.

Doido pra te ver eu fico,
e exorcizar teus demônios
pra ver que nada é o que parece.

E até o que é tão vivo,
belo,
é também envolto em chamas,
fogo do desespero.

Lembranças

Ó querido tempo,
famoso vento,
estrada forte,
longa és tua caminhada
e ao relento és tua morada
de luz e calor.

O fervoroso suspiro deste
que vos fala de tão nervoso piso,
contraste de um vento mencionado
e de tanta desesperada alegria,
poder ver-te aqui somente anuncia
que de tristeza não morro,
e sim de morrer me vejo triste,
e sim de ver a morte me entristeço,
e de esquecer tremendo caso faço,
e só de fazer caso já me esqueço

sábado, 10 de julho de 2010

Hibernação

Acordo,
tomo café,
escovo os dentes,
troco de roupa,
tomo um banho,
pego alguma coisa na geladeira,
lavo meu rosto
e vou dormir.

Anônimo

Suntuosos salões safados,
sempre seremos, sabemos
se sigo subindo sempre,
sigamos só os cegos,
ignorantes, ignóbeis egos
equilibrados de vasto simples,
simplórios, sóbrios, supérfluos
agradando quem te desagrada.

Loucura levada ao extremo
de uma morte lenta e tola.

Quem é você?
ninguém quer saber.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Presente pro Anjo.

Por mais que pareça bem triste,
a vida inteira seja eterna lágrima,
o que dirá sua mãe?
o que diram teus guerreiros,
vendo que lágrima em vão,
vendo você tão assim?

Não!

Eu não me entrego assim,
à tristeza, ao choro, ao pesar,
de tanto e tanto chorar,
vou enfim me deixar levar
pela alegria de recomeçar.

Sim!

De fato necessito de ter perto,
ver de perto as necessidades,
de tanto cobrar a mim mesmo,
aprendi a perdoar minhas próprias palavras de amor,
e conviver com a minha dor de amar.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Os versos

De versos em versos,
profanos, internos,
ferrenhos, modernos,
eu vou me guiar.

É atraso de vida,
divina vaidade,
que todos os outros
me querem tirar.

De tanto me convencer de loucuras,
imensa vivência
de choro e de dor...

um poema liberta,
e um verso ainda pode te encher
de amor.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sertanejo

lá no alto da colina,
a mulher me abandonou,
me deixou aqui sozinho,
pra plantar o meu amor.

nas idas do velho vento,
meu amor desabrochou,
e guerreiro como sempre,
meu amor pra mim voltou.

eu queria o que eu queria
que quisesse ser tão minha,
mas nem tanto a minha vida,
foi querer me dar valor.

e de todas as formosas,
que no campo eu conheci,
vou querendo as horrorosas,
que me dão valor aqui.

e se nada adiantar,
vou me embora pra colina,
aquela montanha minha,
o amor vai me guiar.

domingo, 4 de julho de 2010

Criança

todas essas coisas que a gente procurava,
todas as loucuras, brincadeiras, coisas raras,
tudo que todos queriam era ser feliz,
tudo que eu queria era o que eu sempre quis,
minha inocência incendiava o normal,
eu sabia,
ser criança é assim fenomenal.

tanto que quando cresci queria mais saber,
por que, meu Deus, por que?
me deixaste tão ranzinza,
automático,
irritado,

e meus dias de criança finalmente então voltavam,
e assim eu percebia.

ah, meu Pai, como era bom ser amado.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A épica tentativa de ser feliz em movimento

Pra essa grata surpresa, Thays Oliveira. Obrigado.

Dessas rotinas da vida
que tanto aproveitei,
a melhor de todas é a do movimento.

Quando menos se espera,
a vida prega uma peça,
e coloca em nossa frente
a surpresa, o movimento,
a imagem feminina,
a beleza escondida,
em livros, matagal alto.

E o encontro dessa parte,
com a minha em roda viva,
já sabia ser tão minha
a certeza de viver,
quando a gente escolhe a gente,
quando bate o olho, crente,
que isso tudo é sem querer.

Que ao menos essa vez a gente será feliz.

Nunca tinha imaginado,
como podia ter pensado,
que felicidade é essa que eu estava a contemplar.
Nunca tinha vida própria
quando só observava
a felicidade em mim.

E agora o que eu faço,
se nem mesmo num abraço
sou capaz de ser assim.

nem mesmo tenho a esperança,
que sem ela, que me alcança,
sou capaz de ser feliz.