quinta-feira, 12 de julho de 2012

sonho

às vezes fico pensando
que nesse mundo só há fantasmas vivos,
livres são, mas com luvas de seda,
não tocam em nada, não creem,
não tem certezas,
nada são para qualquer manhã.
às vezes invento estórias,
conto,
reescrevo a história do mundo,
vislumbro um fim,
assim sem mais nem menos,
rabisco, escrevo,
me dou esses luxos todos,
não tenho modos,
vim para ficar.

às vezes tenho saudades,
de algo que dói o peito,
suja as mãos,
e limpa da testa beijada o batom,
simplesmente o tom de voz,
uma vila entranhada de valores estranhos.
uma vila de seres humanos,
onde se encontra o coração.

às vezes reecontro pessoas,
tão estranhas quanto um estranho.
não me identifico com todos,
sou anti social embaixo d'água,
atrás das portas,
paredes,
cores mortas,
sombras me invadem e saem de perto,
indivíduos, trajetos,
não lembro mais quem.

às vezes eu fico pensando,
que nesse mundo só há fantasmas vivos,
passeam arrastando correntes,
arrastando lembranças,
sujando mentes,
tão descrentes de si mesmos,
que existem, sim,
mas não vejo,
existente sou, em desprezo
a eles.

entre nós,
o que se passa na cabeça antes de dormir?

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