exoterismos e misticismos de domingo
já que não podemos ser o que queremos,
que queiramos ser o que podemos,
de tempos em tempos num inverno frio,
em tempos que invernos já não são tão frios
e roupas existem para ser rasgadas,
vidas feitas para serem tiradas,
amargas e de olhos fechados.
um tempo como o nosso
de verdades e mentiras
ditas da mesma forma,
não temos escolha.
ou vivemos ou não vivemos de acordo com as regras,
acumulando as mazelas de um tempo distante
que não cobra dívidas
mas assombra velhas vidas
enquanto assopramos feridas
de vidas novas e mais delicadas
que ainda não se devem ver ser vendas
nem respeitar as lendas escritas num quarto escuro de roma.
já que não se pode ser o que quiser,
que se seja o que se pode,
sem roupas de luxo,
charutos,
chás,
infusões,
chocolates meio amargos
e momentos cheios de minimalismos.
já que é essa a condição,
não se desespere em um uísque brazuca,
não saia bebendo verdades e vomitando
as mentiras em cima dos estofados e tapetes,
não alimente vaidades e suspeitas,
seja ti, mi, e eles,
contentes ou descontentes feitos em desfeitas.
tenha a poesia presente,
a música,
a literatura de vestibular e a já formada há anos,
porque de tempos em tempos
um amigo há de chegar
e outro vai indo embora
sem nem perceber.
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