sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

meio ano, meio ano

me entrego e não nego
que entrego-me todo,
num trago, um afago,
num transe um desgosto.
em agosto um problema,
setembro um dilema,
outubro sem braço
me leva a esperança,
novembro a lembrança de um ano acabado
e num pensamento, dezembro me chega,
chega! eu penso, e em tanto regresso,
com verso eu converso e mato uma brisa
fechando a janela.

minha mente, esparrela haverá de cair
e no passar dos anos inteiros, intensos,
animais, remendos que penso em juntar,
isso tudo em janeiro, entenda meu lado,
acontecerá.
fevereiro a folia, folgada e sem tarso,
com meu pé quebrado chegamos em março,
e a bebida já tira os sentidos,
que será daqueles que o olho já viu?
e com pensamentos me vejo em abril.

em maio caio,
desesperanças me esvaio e me traio em amor demais,
coincidencias demais,
estranhezas de menos...
devo estar chegando em junho,
onde o cunho dos antepassados,
maltrapilhos e maltratados, somem, empoeirados,
rezando as novenas a crentes encapuzados.
eis que julho bate a minha porta,
vingando as mortes e matando as voltas,
encontrando trovas e cantando as donas,
enveredando sonhos e casando as moças
enlouquecendo mestres e bancando as bocas.

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