sábado, 1 de janeiro de 2011

autocrítica

me disseram uma vez que escrevo coisas sobre a minha própria vida,
e então discordei, mas não.
digo que não pois quero escapar de meus próprios refúgios,
onde talvez tenha perdido tudo que dizia sempre ter.
escrevo onde dói.

mãos,
pés,
cabeça,
embaixo dos fios de cabelo superficiais.

mas ainda assim escrevo coisas sobre minha própria vida
e então discordo.

certa vez disseram-me que desistisse de escrever,
que fosse para meu próprio bem,
que arrumasse outra forma de 'entretenimento'
que desse sentido maior a minha vida.
escrevo então aí onde dói.

meu ego,
meus ouvidos,
minhas mãos suadas,
meus pais e suas oportunidades jogadas no lixo.

mas ainda assim continuo escrevendo coisas sobre minha vida
e então discordando, para que me esconda.

outra vez me disseram que minhas coisas,
(textos escritos de qualquer maneira)
eram tão maravilhosos que lê-los dava vontade de rir e chorar,
passar os olhos por tudo aquilo era quase mágico,
incrível experiência gratificante.
escrevo também onde dói.

lugar nenhum.

logo nenhuma linda linha saíra.

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