um conto de natal (e suas prioridades)
um dia eis que acordo com ar diferente,
algo em mim se sente em uma outra época,
acendo velas, faço mil pedidos,
e minha casa parece floresta
com uma árvore no meio da sala,
diversas frutas espalhadas pela mesa,
um sorriso em cada esquina.
vou atabalhoado me adaptando,
me acostumando a ser de outros tempos,
menos venenos, trabalhos, dilemas,
menos problemas que tenho de enfrentar,
ponho a enfeitar a casa, a família inteira,
sem eira nem beira podemos estar,
mas se uma bola brilhante puder pendurar,
sinto que o dia valerá e muito.
sem muito mesmo ainda me alongar,
faço um pedido que será meu último,
quero um natal para as crianças pobres,
e que esse não seja meu último,
mas se a morte quiser me levar,
desprevinido estarei e nu,
ou durante a ceia a me empanturrar,
me engasgando com pedaço de peru
aceito.
mas quando o sol nascer no outro dia,
esse amor sairá de meu peito,
estarei desfeito bem mais gordo e mau,
mas pensem pelo lado bom,
vai faltar nem dois meses para o carnaval!
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