quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

poesia de helena

antes de conhecer helena
eu já sentia saudade.
saudade de empurrar o carrinho,
saudade dos brinquedinhos,
saudades do sorrisinho
e dos domingos de farra.
saudades da alegria,
saudades dela de birra,
saudades dela e das amigas,
comendo brigadeiro de panela,
saudades de ser criança,
saudades de estar criança,
saudades de embrulhá-la quando tinha cólicas,
saudades de retribuir o que tanto helena me dá.
felicidade.

antes de saber de helena,
veio a menina serelepe com o teste na mão
e me deu a notícia.
a notícia que abalou o mundo,
a notícia do gosto de estar vivo,
a notícia de um novo ser vivo
que me deixaria mais vivo e com mais visão.
a notícia que jornal nenhum tinha em suas páginas,
a notícia que de sua boca, era mágica,
a notícia que me fez bem, mais que o bem em si.

antes de pegar helena,
venho dizer que tenho certeza,
nunca havia pego em algo tão frágil,
tão tenro e meigo,
tão mole e dependente de mim,
tão fiél e tão amigo,
tão querido e tão amado,
é tão fácil amar helena!
como é fácil,
vendo seus cabelos enrolados,
suas mãos sujas do chão empoeirado,
e seus pés negros de brincar o dia inteiro.

tenho medo de deixar helena para trás,
tenho medo do que pode acontecer,
medo dela não encontrar paz,
tenho medo que o próprio medo desfaz,
quando vejo seu sorriso uma vez mais,
quando eu vejo que sou sortudo e tenho ainda mais
que um bando de roupinhas antigas e lembranças esquecidas.

antes de existir helena
tinha saudade.
saudade de coisas que ainda não vivera,
saudade de uma vida que antes dela não fazia sentido,
que antes de vida, era frio e intenso escuro,
e ela trouxe aquilo tudo que eu sempre quis.

antes de existir helena,
eu era ela.
só não sabia que vindo de outra barriga,
helena, tão minha,
ia doer mais em mim a sua não presença.

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