domingo, 19 de fevereiro de 2012

idade


há milhares e milhares de anos
os homens não se respeitam,
as vidas são jogadas fora
como trouxas de roupa da peste,
queimadas,
mortas,
pulverizadas 
e nunca mais faladas,
sempre.


há centenas de anos
os homens tentam ser o que não são,
tentam ver o que não há,
tentam ter o que ninguém tem.
destroem para construir,
constroem para destruir,
vão e vem sem ir
são e sem sanidade
sobrevivem.


há dezenas de anos 
os homens buscam as curas,
sem sucesso para suas mediocridades,
não há curas para vergonhas e orgulhos,
sentados em tronos de ouro,
enquanto morrem de frio e fome,
quem não vota, não pensa,
não mora e não tem onde sentar.


há alguns anos nasci
o suficiente de tempo para descobrir
que nada disso acontece por acaso,
pois nada é igual ao que foi há horas,
e os minutos passam como água que lava os cabelos,
sujos de terra e de lama,
sujos com sombras de fama
de pensamentos antigos,
tão poucos os verdadeiros amigos
que contamos a vida e vemos tão sem graça
quando não estão.


há alguns segundos atrás comecei a escrever,
realmente não sei bem porque,
mas se posso e quero
tenho como ser em versos,
não quero mais me esconder.

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