sábado, 11 de fevereiro de 2012

dá tempo de não chorar de saudade

um tom saudoso,
um leve toque,
breve,
prévia do amor
louco que sai dos poros.

tantos ignorantes me perguntam
do que se trata nossa relação.
como responder a tão ácida questão?
se estou aqui, você acolá,
me mato de tanto olhar pra porta,
telefone,
janelas,
telas,
pinturas,
mudas de roupa,
de plantas,
e outras tantas
coisas que não sei dizer o quê.
se está comigo
eu fico
e morro de ficar,
na cama,
vazando de um lado a outro,
torto,
querendo voltar pros seus braços quando vou ao banheiro
me alimentando de teu suor quente,
tua boca fria
me alivia
tudo.

e quando vai e não volta?
ou melhor,
quando foi e não voltou mais.
meu corpo se desfaz,
ele quer ir ao encontro
do divino
dividindo as atenções entre sonhar e sobreviver.
outro dia mesmo foi,
e agora onde está?
de vez em quando liga e diz
"já volto
vou mas retorno,
não te consumas, vergonha alheia,
com coisas tão pequenas quanto tudo o que temos.
amar não enche barriga"

amar não enche barriga, ela disse,
e a morte me toma por tolo.
quero acreditar em fim em todos.

mas começo a desconfiar de mim mesmo.
assim me protejo de sentir-me só.

ela volta hora dessa,
de mala e cuia,
sapatos quebrados,
bolsas roubadas
e vagina ardendo.
tremendo.

e eu aceito tudo.
digo ainda:

"quase deu tempo de não chorar de saudade".

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