segunda-feira, 23 de maio de 2011

motivação

eu olhava e olhava aquele pedaço de papel,
começando tão metalinguistico quanto qualquer outro,
olhava e escrevia,
poesia,
ardia em mim,
sem ter o que fazer,
sem chorar, nem querer,
infinitivar,
morrer,
eu olhava e olhava.

eu olhava com prazer aquilo à volta,
sem pobreza, tão nobre e morta,
sem riquezas, sem nem porquê,
dizer se vinha ou não vinha,
inspiração, tirar de onde?
sei, tem gente que tem montes,
mas não era por querer.

não adianta escrever,
sem ter consigo o sentimento,
sem carregar algum tormento,
sem tocar nem instrumento,
sem a sensibilidade crítica,
monolítica,
sem ter nada na cabeça,
mas tendo alguma certeza e pondo pra fora.

agora, se tens tudo isso,
não perca seu tempo,
vamos deixar de fingimento,
que de inteligência já morreram tantos,
entregues a vida bandida,
à bandalha ferida que os queria mal.

e se tiveres algum pensamento,
guarde pra ti mesmo e não me amole,
não coloco em meus versos sujeira,
besteira, poeira que imacule a prole.

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