de vez em quando também penso em sentimentos nobres
me sentindo moderno,
esbocei sorriso,
mas não consegui.
me abri, me encantei,
senti o cheiro das rosas brancas
no jardim lá fora,
senti o sopro de vida entrando na casa,
vibrando do nada, pulando e cantando
tirando de tudo uma lição.
de vez em quando olhava por detrás do ombro,
se alguém me seguia, ao ir pro trabalho,
alguém se esgueirava, eu sentia, marcava, meus passos seguia,
diabos! dizia e nada eu via,
mas como veria? tão cego de ambição?
cantando aquela mesma canção, não dava muita atenção.
no fim cheguei ao destino, encarregado, vivo,
cheio de mim mesmo, responsabilidades, alardes, chamadas.
a rotina tomava conta da sala, do prédio, da rua,
a viela no centro da cidade,
como seria a vida em bora bora, oahu, etc. como?
não conseguia imaginar,
nem sonhar, que sonhar é brega, dizem,
e nada quero esperar.
vou me enterrando em silêncio,
dispenso problemas de marca maior,
aliás, é o que mais tenho, todas essas vidas que vivi,
só problemas tenho pra mostrar,
e um poema que agora ensaio,
nesse mês de maio que não acabará.
mas dentro disso também há esperança,
nesse destempero e delírios mil,
essa rotina, desgraças de março, que o fim de julho estará por vir.