quinta-feira, 25 de outubro de 2012

acho que...
 
acho que estou recarregando as baterias,
as surpresas do dia a dia,
as acentuações graves e as vozes agudas,
as moças mudas, diante a violência,
as ruas imundas mediante pagamento,
as costas largas devido ao tempo,
e o tempo curto que devo ao trabalho.
 
acho que minha vida se define só,
dois ônibus cheios e eu só o pó,
observando,
tentando me mostrar no esquecimento,
uma vez que sento, entra algum idoso,
uma mulher grávida,
alguém mais cansado,
se não levanto, chamam de malvado!
 
acho que se escrevo, não leio,
se leio,
mal junto as palavras,
as coisas,
uma dislexia moderna de ver sem sentir,
é o problema do povo,
uma flor vira um nojo
num poema moderno e descarado.
 
acho que tenho todo um charme,
cabelos coloridos,
queridos e amados,
armados em dia de chuva,
crespos na umidade,
que saudade das madeixas longas e lisas da semana passada.
hoje a tia da esquina guarda na lixeira do salão.
 
é isso,
simplicidade,
compro pão, faço amizades,
reclamo de dor,
sinto saudades,
aumento o som
para não escutar as vaidades
que me invadem.
 
acho que estou recarregado,
num poema longo te trago,
numa vista ao longe, te vejo,
num poema pobre, te beijo e me apego a um desejo
que me faça bem.

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