quarta-feira, 23 de março de 2011

equidistância

aqui,
vem cá,
equi,
calar,
tem que,
virar,
se vir,
amar,
caber,
cousar,
e se?
entrar
e adentrar
o sonho é seu,
só seu o pesar,
só sua alegria,
só sua elegância,
desculpe se sua felicidade,
é a nossa equidistância,
então volta,
e se revolta,
vamos nos rebelar.


segunda-feira, 14 de março de 2011

certo dia

ela apareceu, ainda rindo,
constrangimento de atraso,
mas que não por culpa dela
acabou por tirar-lhe tempo de vê-la,
brilhando de beleza, aquele ar de irritada,
cansada de ser, da jornada,
ele enervou, pensou e aí já era tarde,
como uma ilusão, ele andava,
como se em nada fosse, pisava,
e tudo que via era meio sombra, longe de casa estava.

lugar vazio ainda que cheio,
só a via e a vida vivia,
sorria pra ela, ela não,
nervosa.
sorria pra ele,
ele não, incrédulo,
que fenômeno que era
e quando acabaria?
não sabia.

a noite cai,
todos saem, mas não!
que desconforto é ver,
como uma provação pela qual tem que passar,
como um teste,
de sua boca não sai nada que preste,
investe e perde,
sem nem querer.
quem iria ser senão o mesmo de sempre?
querendo mostrar esperança e desassossego,
algo que a fizesse entender,
o que é o infinito?
senão um momento bonito
do qual não queremos
nem nos permitimos desprender.

quarta-feira, 2 de março de 2011

o que te irrita?

o nacional socialismo?
o falso moralismo?
os déspotas esclarecidos?
os guerreiros deserdados,
fardados e amedrontados,
acabados, sem um traço em comunhão,
sem armas na mão,
com uma dor no peito,
sem sangue no coração.

as falsas donzelas
em suas faltas de mazelas,
bem querer delas,
que sem querer entre uma transa e outra
acabam demostrando quem realmente são,
não sabem simplesmente dizer não,
ou então não querem demonstrar que
ainda apresentam salvação.

o que te irrita de verdade?
um coração pobre e magoado,
de um dono sentado num banco de praça,
sem casa, se cobrindo com jornal.
e as autoridades, te irritam seriamente?
fico assim tão descontente,
nem sei bem o que dizer, achar.
mergulho num mar de irritação,
tentando achar redenção,
esperança na ganância de terceiros,
quartos, quintetos e quadrilhas,
assaltam e estupram suas filhas,
querias!

o que te irrita de verdade?
despertar sobre o apito do trem,
as 6 da manhã,
não ter nem a mente sã,
ter de ir trabalhar,
não acabar,
aprender a fingir não se irritar.

terça-feira, 1 de março de 2011

um mistério de cabelos longos, um poeta esforçado

de tudo que vejo tiro um tanto,
de tanto que vi um dia me espanto
de todas as coisas que trouxeram pranto,
a felicidade é da qual me escondo.
do centro da cidade, ao engenho de dentro,
do bairro de fátima ao flamengo então,
todos os caminhos me levam a ti, sempre a ti,
e em ti me acho um tanto em vão,
ou não e me faço falar, escrever, enervar,
enebriar de intensidade,
barbaridades à parte eu me sinto assim.

um ritmo rimado, um traço mal marcado,
um verso transloucado, sádico,
trágico ou um tanto mágico,
o que eu vejo é simples e claro,
um emplastro plástico e pré encharcado
com a beleza prática e despercebida à olhos destreinados,
miopia leve e breve, até vir a magia de trevas que a pequena há
de oferecer.

mas o mistério, térreo e entrevado,
que me deixa um pouco desacordado,
acordado de olho fechado,
pra dormir demoro uma música e meia,
mas vale a pena viver, e ver,
viver pra ver o que não vejo tanto,
mas que de pouco já não sei viver ser ver.
o pior poema do mundo, listrado de preto e branco

jogo-me longe,
longe me acabo
e a poesia
vai pelo ralo,
toda essa rima,
coisa nojenta,
quebra o clima
de quem não aguenta,
poemas rimados
são sem esperança,
horríveis, voltados
pra quem nunca alcança,
dilema de vírgulas,
chegando ao final,
termino essa epístola
com uma bela pá de cal.
desleixado

resolvi voltar,
sei lá, fazer.
e aí me encontro são,
sem tanta inspiração, de viver,
de entreter,
de saber porque.

resolvi voltar, razão de apaixonar,
entrar na vida, falar,
transar os temas, mandar
os eufemismos pra lá,
mas eles voltam.

voltei nem aí pra forma,
voltei sem saber de nada,
voltei tanto, para casa,
e de tanto fui embora.
agora, que faço?
acabo, sem chorar,
nem rir, amassar,
jogar e esquecer,
tantos infinitivos e
tão pouco prazer.