segunda-feira, 11 de junho de 2012
discordo
discordo da alegria
que entende ser minha quando não a quero.
discordo da tristeza toda
que vem me cobrir a noite.
discordo das mesas de bar,
que tentaram levar meu amor e minha alma embora.
discordo do tempo que é curto
e me vejo esvair todo no espelho,
discordo tanto de não concordar com nada que me traz a vida.
discordo mais ainda por ser deturpado,
corrupto, aveludado,
medindo atitudes,
pisando em poemas,
jorrando palavras,
indo pelo ralo.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
impessoal ou eu
me sinto bem,
me sinto woody allen
de óculos e nenhuma pretensão,
sem ter aonde ir e estar em todos os lugares,
vivendo e não rimando,
escrevendo peças,
ganhando tudo sem querer nada,
fazendo piada,
sendo gênio de bar,
falando pra quem quiser escutar
sem ter ninguém pra falar.
me sinto bem,
me sinto dave matthews,
calando quando se deve falar,
falando quando acaba de acordar,
falando ao coração,
ao estômago,
meio vivo, meio morto,
trancado em mil pensamentos.
me sinto bem,
ou não,
há quem diga, transtornado,
em cheque,
de pileque,
uma festa, um gesto sem fim de ok.
me sinto bem,
eu juro, não perguntem
por mim pra ninguém,
achem-me em mim e virem-se,
ajudem, se acharem prudente,
não é pedido,
não sou carente,
se me entende
nas horas vagas e exatas do meu querer bem,
humores, tenho vários,
sapatos, tenho poucos,
ando descalço
ao encalço da alegria,
em camas de gente desconhecida,
mandando a vida pro caralho,
nunca fui amado,
mas já rimei amado com caralho e ninguém reclamou,
então vou indo.
me sinto bem,
hoje,
não ontem,
nem provavelmente amanhã,
mas até quando as lágrimas choradas asoberbarão (isso não existe)
as alegrias e risadas com as quais um dia já machuquei o abdômem
e hoje só machucam a mente de lembrar?
me sinto tão bem quanto você,
portanto não me venha dizer
até logo, se não pretende voltar,
não me diga adeus até ter a certeza de que na minha porta
já não bate mais a tua mão,
não me entregue seu coração a não ser que queira a mim machucar,
não me faça de bobo se não quiser apanhar,
não me leve em consideração
se não o fizer chorar.
[morra se vier com flores]
idoso
tento me libertar de coisas tão novas,
ser velho me inova,
me traz novas coisas,
novas esperanças,
novas vidas cruzam velhos caminhos
e se perdem no destino de serem lembranças,
sonhos lindos,
que só vivem pra acabar.
tento ser você um pouco,
um pouco de mim, um pouco assim,
assado,
prostrado, mal dormido e acabado,
razão do viver de alguém,
com mais de cem pessoas
sem perspectiva nas costas.
é a vontade de dizer que não te amo,
é a idade chegando,
é um caminho ou outro
sofro mudanças,
mas permaneço,
em essência,
em poemas, musicas e defeitos.
sou um vinil arranhado
tocando a mesma música boa de novo e de novo.
vou
estou em frenesi,
frenético,
frisado em cabelos embaraçados de negra,
cabelos lisos,
mulheres feias,
amando-as,
vivendo uma vida de céu.
darei tudo,
amor, dores, dívidas,
dou tudo que sou
mesmo sem tempo para procurar filosofia em coisas poucas.
mas não me deixei levar,
se me deixar, eu até vou sozinho
e caminho até a eternidade sem sentido.
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