domingo, 11 de março de 2012

vovó


vovó nunca me deixe só,
me deixe esquecer que sou teu neto e só,
me faça viver sem ter vivido aqui,
me faça ir lá, não me faça sair,
não me dê dinheiro, me dê alegria,
ou talvez dinheiro ou alegria,
dê-me o que tiveres,
que eu saberei,
quando filhos tiver
te bem tratar irei,
quando estiver assim,
bem velha e curvada,
lembrando de um céu,
paisagem nublada,
meu amor por ti
já não me muda nada,
sempre estive aqui,
nunca lhe pedi nada.


vovó nunca me deixe solta,
de teus pensamentos leves como pluma,
se tiveres que ir, por favor não suma,
se tiveres que ser, por favor não seja,
veja,
o que tenho para lhe mostrar,
é mesmo o que tenho para lhe mostrar,
um desenho, um cometa, uma estrela,
um castelo, um filme, uma besta,
um monstro, um poema, uma cena,
veja!
seja tudo que eu sempre quis.


vovó por favor não se afaste,
que de mim tens tudo e não tens mesmo nada,
se preciso for alugo várias casas,
e coloco tuas memórias lá dentro,
para que não fujas em esquecimento,
para que me tenhas em qualquer momento.


só vasculhe dentro e de mim saberá.


vovó por favor já não morra,
que leve a mim ou a qualquer pessoa,
que deus cruel faria essa alma boa
ter que dizer adeus pra mim agora?


temos enfim a resposta pra tudo,
ou só está na hora de ir embora?


só a vovó sabe.

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