segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

a menina que não tirava férias


era especial.


trabalhava e trabalhava e trabalhava.
queria viver e vivia como queria,
vez ou outra até lia, fazia, era outra,
ela mesma, 
mas de fato se cansava de ser tanto,
cansada de viver tanto uma vida,
duas,
três,
que não cabiam na idade da terra.


seus dias, meses, anos,
não cabiam no calendário.
suas letras, palavras, frases,
não cabiam no abecedário.
seu amor não cabia dentro do coração.


e que coração tinha essa menina!


dividia a vida imobiliária com sua mãe,
problemas, tinha, como todos tem,
mas se abster virou uma opção,
com o mundo nas mãos nada abalava a protagonista,
sim,
protagonista de filmes dos quais ela não lembra o nome,
nem daqueles que com ela contracenaram,
de vez em quando,
estudando,
se pegava cantarolando,
canções que jamais lembraria quem compôs.


não comia feijão com arroz,
mas também não deixava mais nada pra depois.


queria ser grande.


não antes da hora,
que quem faz por onde,
vê o seu crescer,
separa sem demora,
e deixa os outros brigarem por migalhas.


quem nasceu pra brilhar,
não consegue perder nada.


às vezes só se perder de vista
e não ver quem está em volta,
batendo na porta,
vou querendo entrar.

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