terça-feira, 21 de junho de 2011

o que fazer quando se perde a inspiração

faça silêncio,
faça força,
reze, mentalize,
peça pelo amor de Deus, Zeus, Alá, Buda, Sílvio Santos,
se agarre em fé,
não se desespere,
entenda, morda as mãos,
bata a cabeça na parede,
invente desculpas...

'não, não é isso,
simplesmente não tenho tido vontade de escrever,
nem sei porque, só não quero'

'caneta? lápis? o que é isso?
ah, sim, não, não tenho mexido com isso não,
ando trabalhando muito'

'meu relacionamento me mantém ocupado o bastante,
pare de me atormentar, terá em breve sua poesia!'

durma mais horas por dia,
mesmo que não possa,
não escreva nem cartões de natal,
pare de dar autógrafos para si mesmo, afinal você não é ninguém!
sinta-se em casa no meio da rua, longe de tinta e folha branca,
chame os amigos e se envolva com mulheres da vida,
use drogas,
beba muito e perca a consciência,
desmaie mais para evitar pensamentos que possam ser transmitidos em palavras e versos tortos,
pense menos, o que não será tão difícil, visto o quanto fazemos esforço para parecermos mais inteligentes,
abrace finalmente quem você é,
descubra pouco a pouco que sua cabeça é do mesmo tamanho que a de todos os outros mortais,
não minta sobre ter visto filmes clássicos da década de 40, um dia você pode ser perguntado sobre quem foi Clark Gable ou Katherine Hepburn e não saberá responder,
ou melhor, minta mais,
saiba menos,
leia mais... revistas de fofoca,
escute Luan Santana,
faça negócios com Jorge Couto Mafalda, seja lá quem ele for.

O que fazer quando não se tem inspiração?
se masturbe mais,
cada vez mais,
o sexo estimula muito o corpo e a mente,
mas o sexo consigo mesmo só consegue deixá-lo exausto e se sentindo sem atrativos,
ligue para a sua mãe e conte a ela sobre seus problemas com prostitutas, drogas e álcool, e veja o que ela tem a dizer.

o melhor remédio, acima de todos os outros, é fingir que nada acontece e escrever assim mesmo, lixos sem compreensão.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

vômito

não sei o que escrevo, sei que é puro sentimento,
estranho ver a mente funcionando,
que serventia há aqui, santa ignorância?
é um privilégio a minha mediocridade,
vem as palavras de dentro e querem tirá-la de mim?
com que direito sou eu imaculado por coisas irrisórias,
coisas que não sei como explicar,
juntar tudo, fazer falar,
cantar, e escrever?
perguntas sem respostas, guitarras, feridas a mostra,
é o olho do guerreiro que treme antes de matar,
é a caneta, que cai da mão quando vai riscar,
é a borracha que rasga o papel quando vai apagar.
não quer apagar.

nada apaga,
o que fica são lembranças borradas,
que são encontradas, na verdade em qualquer canto do mundo,
seja você pobre, imundo,
seja você rico, insosso,
seja a minha vida a sua,
intensa ou morta.
seja.
simples, exposta,
cortada e arrancada,
arregaçada com palavras fortes e muita 'merda' para todos.
mas não há todos, estou sozinho, posso assegurar,
poemas curtos e divindades a adorar,
não acredito em nada, nem tenho do que reclamar,
encho poemas de verbos para nada,
nem em mérito algum entrar, e volto a mim.
sempre assim, repito palavras, expressões,
morte, negro, podre, coisas que impressionam,
na verdade de nada importa,
minha mente é perturbada como a de todos os outros ridículos que passam por aqui,
que desmaiam de decepção.
não quero saber.

um toque mágico, borboletas,
ninfetas fazendo caretas,
devaneios,
versos feios,
frases feitas,
de tudo um pouco.
a escolha é sua,
o que fazer?
o que ler?
a quem recomendar, se valer a pena.
sinceramente, recolho-me à minha insignificância

um poema não é lugar para reflexões,
percepções à toa.
um poema é luz de velas,
é felicidade instantânea pra qualquer pessoa.