sábado, 12 de maio de 2012

inspiração?

varia de pessoa pra pessoa
eu acho,
mas o que eu faço qualquer um pode fazer.

uma caneta e um pedaço de papel rasgado
é arma pra quem quiser expulsar um pouco de alma.
pra você

pra você que me atura um bocado,
pra você que já sofreu calado,
pra você que me viu arrasado,
magro,
embriagado,
pra você que merece uma estátua,
pra você que é natureza morta,
pra você que inventa um romance,
que bate palma na hora errada,
pra você que me chama de amado,
pra você que é um ser amado,
pra você que é um ser humano,
te dou a vida, tão desesperada,
tão desesperado eu invado o teu mundo,
tão exasperado te grito, te fumo,
te como, me esbarro em troços jogados,
rimados, cansados, sem profundidade,
sempre na viagem de te ter na cama,
redonda, quadrada,
cama, sempre a cama,
que guarda os amores
encara os armários,
nos vê sem pudores,
sempre desnudos e fracos,
cansados do dia,
dia de alegria,
viva a mente humana e suas temperanças,
minhas temperaturas altas,
minha doce vingança,
minha vivência cansa,
mas tenho você.

por você eu fecharia as pernas,
por você eu compraria flores,
por você eu escrevo poemas,
por você esqueço meus horrores,
seria tão bonito se fosse verdade,
por você até esqueci amizades,
coisas sem alarde,
cafés e bobagens,
biscoitos,
viagens de ônibus,
mortos,
sonhos.

por você me jogo mais pro alto,
por você ignoro a vida inteira,
por você me faço inteligente,
e durmo do lado esquerdo da cama.

até o amanhecer chegar,
e levar tua beleza.
tua pureza,
teus cabelos,
tuas manhas,
endereços,
interesses
tuas fronhas,
o teu cheiro,
suas artimanhas,
meu desejo,
então morremos juntos.

frustrações com passagem de tempo


tive vontades,
acordei, realizei,
voltei a dormir.
cansei de tentar ser quem sou,
um fantoche de meia,
botões no lugar dos olhos mortos,
ordens,
fotos,
cortes e recortes.


manipulado,
amarrado com a mão nas costas,
apostas.


tive vontades,
um dia,
sei que tive vontades,
me apaixonei,
eu sei!
não volta,
como me perdi em algumas vidas
e não volta,
como me esqueci entre chegadas e partidas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012


mentiras colhidas, coração sofrido

tem que ser forte para plantar mentiras.
não, não digo que jamais fiz
e jamais direi que é errado,
mas tem que ser forte.
dia desses me peguei mentindo para aumentar,
uma mentirinha tola,
passei de bom à sensacional,
e a pessoa se encheu de alegria com o elogio,
frio como minhas mãos ao escrever este.
achou logo que tinha talento pra coisa e foi tentar a sorte no rio de janeiro,
resultado. uma vida arruinada por palavras doces.

querem outro exemplo?
pois vos dou agora mesmo!

uma poesia.
é uma mentira tão deslavada que produz sujeira,
não é capaz nem mesmo de esconder a poeira
de livros antigos e tapetes.

leia uma poesia para alguém.
e será um mentiroso cruel,
de fazer se apaixonar quem não queria ser incomodado,
despertar sentimentos ao invés de explorá-los,
cuspir no meu rosto e me dizer
te amo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

o mais forte de todos, que todos queriam saber quando sairia OU prostituindo dilemas


sigo assim,
[como alguém me disse uma vez,
que tudo que vem do coração e dos dilemas
é facilmente encarnado em poesia,
desfruta logo de alma,
entranhas,
esqueleto,
tudo,
mudo,
tudo muda
assim do nada e vai embora.
mas decepções sempre voltam
e voltam,
e revoltam
mantendo acesa a chama pura que queima os pudores,
e você escreve,
escreve,
escreve,
se esquece de esquecer
ou sequer sequelar
e viver pra si.
é um rio corrente,
armadilha montada,
pronta pra arrancar-lhe a mão,
jogar-lhe no chão e aí tudo acaba.
parece forte, não?
um sentido sétimo ou oitavo,
não conto traços de caráter desviado
que já perdi no quinto verso].


vou assim,
prostituindo sentimentos,
meus demônios
sempre loucos e enfermos.
meu coração desconheço sem roupa provocante,
na rua a batalhar trocados.
um sexo, mereço.


sou da letra, agenciador,
sou do verso, maquiador,
sou da estrófe, figurinista,
sou da vida, uma puta.

filmes franceses e os pequenos prazeres


em um lugar pequeno
fico gigante de pensar.
quebro portas e janelas,
apago velas com a força da palavra,
que pode ser vaga,
disposta, aposto,
proporcionar alegrias,
alegar propostas ou insanidade.


em um lugar enorme
sou pequeno aos teus olhos,
vivo atento só pensando
quanto tempo estive atento
sem o amor encontrar.


o amor tem seus joguinhos
uma carta de alguém


prefiro poesias de armário,
sabe aquelas em sacos,
envelopes pardos,
versos magros,
quiça até chatos,
sem cor.
é aí que se esconde,
não sempre, só as vezes
a verdadeira beleza,
que por detrás da tristeza
mostra a cara e canta,
ainda tímida pro mundo
grita e se levanta!
coisas internas,
amor já gasto em poesias empoeiradas.
parece simples, mas não é.
arrumação

arrasta,
afasta,
vai, encaixa,
amassa,
corta,
passa,
lava,
limpa,
trava,
espaço,
não faço!
faço,
tá, faço!
olha,
acaba,
arruma,
empaca.
que saco!
pega o saco,
tá arrumado.

vai na cozinha,
pega um copo de leite,
senta no sofá limpinho,
bota o pé pra cima,
não me irrita!
pega o salgadinho,
come, faz farelo,
se distrai com a tv e
derrama o leite no chão.
pega o pano,
passa o pano,
pega a água,
joga a água,
joga,
embaça e desembaça,
torce o pano,
passa o papo,
que desgraça!