sexta-feira, 21 de agosto de 2015

vida

da janela eu seguro
vejo a fumaça
o vento
o tempo todo
os gritos e as pessoas
perecíveis
verossímil
crível
a verdade.

da janela eu sozinho
me sinto tão perdido
que não vejo o desespero
meu ou de outros
o mel do gosto
o trem
o desgosto
as montanhas
a praia
nada

na janela debruço
é como um filme
não saio de casa,
mas me pego a olhar
as películas
as fotografias vivas
o sofrimento
atento aos atentados
aos acontecimentos
e choro
de dentro pra fora.

a janela é o ponto final.

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